Todos os anos há uma tradição assumida por inúmeros grupos de amigos. É o encontro das turmas de formaturas, dos recrutas do Tiro de Guerra, das universidades e por aí afora. Sempre vejo nas redes sociais esses amigos celebrando a vida e relembrando os que deixaram saudade. No meu caso, participo de várias turmas. Uma delas é da Faculdade de Administração de Empresas (Faccas). Dia 5 de maio de 2022 aconteceu o 49º ano do grupo, hoje reduzido devido às perdas de vidas, enfermidades e distância de residência atual com Sorocaba. Nada impediu, porém, a Ana Maria Albuquerque de vir de Volta Redonda (RJ) e outros colegas de classe morando em São Paulo, Itu, Piedade e Tatuí para brindar com champanhe.

A nossa turma foi à quarta de Administração em Sorocaba. Isso em 1973. Incrível como a unidade dos alunos e a amizade permaneceu após esses longínquos anos. Quem tem fotos daquela época dos quatro anos de faculdade acaba levando ao local do encontro festivo. Chama a atenção os cabelos compridos na moda da década de 70. As calças “boca de sino” e camisas de tecido sem o uso de cores como o vermelho e rosa. A formalidade tomava conta da maioria, muitos inclusive, filhos de empresários tradicionais. O vestibular dessa faculdade da Fundação Dom Aguirre tinha mil candidatos para uma classe de 60 alunos. Era difícil ser aprovado. Cerca de 20% desistia no transcorrer das aulas. Havia muitas exigências dos professores e nas provas orais e escritas não se permitia uso de consultas. Cada um por si para conquistar as suas notas e avaliações. Professores, como o Valério Gozzano, deixaram saudade entre os alunos e são lembrados nas confraternizações.

Recentemente, em 8 de abril deste ano, a Classe 1967 de atiradores do Tiro de Guerra-TG 48, participou em mais um ano de confraternização. O evento contou com a presença de 26 recrutas que estavam sob o comando do sargento Cursino, instrutor daquela época. Ele veio da cidade de Caçapava especialmente para essa reunião. Detalhe é que esse é o único grupo do TG que se reúne em Sorocaba desde a formatura em 1967. “São 55 anos de amizade e amor a Pátria, Brasil”, como diz um dos coordenadores da turma, João Xavier Pereira Neto. O encontro em 2022 foi em um jantar celebrado numa churrascaria nos altos da avenida São Paulo e trouxe lembranças inesquecíveis àqueles jovens reservistas com os seus 18 anos de idade. Agora, a maioria com 73 anos, ri das brincadeiras que faziam e também se sentem gratos pela formação patriótica e educação do exército brasileiro. O quartel do Tiro de Guerra estava localizado na rua Manoel Lopes, bairro do Além Ponte.

Ex-alunos do Curso Profissionalizante Ferroviário (CFO), da Estrada de Ferro Sorocabana, turma de 1964, ainda mantém conversas diárias na rede social. São 58 anos como amigos que durante oito horas por dia conviveram estudando em aulas teóricas e práticas de oficina mecânica e carpintaria. Telegrafistas também eram formados para trabalharem em estações da ferrovia. Entre os alunos, o ex-jogador de futebol Antônio Aranha Alves, do Esporte Clube São Bento. Os encontros desses ferroviários são organizados pelo Adilson Ribeiro “Chinho” em sua casa, no Jardim Saira. Hoje todos são aposentados da ferrovia. Muitos continuam em atividade profissional como empreendedores e moram em Sorocaba e em outros Estados do Brasil. Carlos Cesar Banietti, de São Paulo, Capital, atualmente está movimentando os colegas do CFO para novo encontro da turma em julho.

Cinquenta ex-alunos e alunas do Instituto de Educação Santa Escolástica criaram uma turma para relembrar e festejar a amizade desde 1999. Hoje com a média de 40 anos de idade, os formados naquele ano ficam na expectativa anual de estarem unidos em um barzinho da moda de Sorocaba. A maioria dos alunos casou e hoje, com filhos, priorizam esse tempo só dos amigos de sala de aula para conversar e comemorar as lembranças de classe no colégio beneditino. Durante anos fui levar a minha filha no Instituto Santa Escolástica e pude acompanhar como a sua turma de amigos era unida. Com o transcorrer dos anos a amizade permaneceu entre eles e nada melhor do que manter esse saudável convívio até hoje, após mais de 20 anos.

Os amigos empresários estão unidos em convívio há décadas. Entre eles, o conhecido Wilson “Bidu”, que começou sua história como aprendiz em uma loja de material de construção com apenas 14 anos de idade. A sua trajetória tem momentos de desafios e conquistas. Impulsionado pelo desejo de vencer, adquiriu conhecimentos na sua área de atuação e hoje é proprietário de seu próprio negócio na área de acabamento de construções. Assim também fizeram Márcio Bornia, Osvaldo Uliana, Fernando Soranz, Alcebíades Alvarenga, Valério Gisoldi, Alfredo Soranz, Osvaldo Lamos, Marcos Barana, Frank Fidêncio, Fernando Casali, Teófilo Negrão, Ronaldo Ferreira e José Flores Arruda Filho. Os nossos amigos de sempre estão envolvidos no desenvolvimento da cidade e atuantes em várias entidades sociais.

Antes da pandemia o grupo do “Clube dos Big 70”, nome dado para formalizar a turma dos 70 anos de idade, se reunia para festejar a amizade. Gustavo Frederico Scherepel cuidava da animação e busca do melhor local para esse encontro. Infelizmente alguns se foram deste mundo nos últimos anos, deixando um vazio existencial. Como disse Gustavo, “assim como os picos cobertos com neve são bonitos, os cabelos brancos da velhice têm sua beleza. Não apenas beleza, mas sabedoria também, que nenhum jovem pode se vangloriar disso”. O amigo José Carlos Bottesi era um dos integrantes do grupo que deixou saudades. Eles continuam se reunindo em 2022.

O grupo de amigos do Sesi/Mangal, como diz a Élide Tunuchi, da turma de 2001, continua se reunindo. Outros grupos como o dos atletas do time do Milan, de Sorocaba, fundado em 1962, se reúnem após 60 anos de convivência. Isso comprova que quem tem amigos, encontrou um tesouro!

Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul