Um aposentado, indignado com a alta do preço do leite soja, tentava entender com a gerência do mercadinho por que o produto, em uma semana saltou de R$ 4,65 para R$ 5,99. “Como isso é possível?”, indagava o freguês. Sem ter um motivo plausível, a gerente justificou: “Senhor, subiu tudo”. Então, o idoso disparou: “O seu salário também?” Houve silêncio e a conversa não avançou.

Embora pareça ficção, a cena narrada acima faz parte da realidade sorocabana, uma vez que os consumidores estão assustados com a alta dos gêneros alimentícios, pois, a cada semana, deparam-se com constantes remarcações. Antes, os reajustes eram anunciados com antecedência e ocorriam uma vez por ano. Agora, parece que a coisa perdeu o controle. Tem-se a impressão de que há uma competição para ver quem é o campeão dos preços altos.

Um exemplo categórico: o óleo de soja que, no ano passado, era encontrado no comércio local a R$ 4,99, saltou para R$ 8,99. O leite de vaca extrapolou a barreira dos R$ 3,49. E, quando sobe, jamais abaixa. Dá pena de quem tem filho pequeno. Pois, dependendo da marca, não sai por menos de R$ 5,99. O arroz e o feijão seguem na mesma toada. A carne é algo surreal, nem dá pra discutir. Improvisar a mistura do dia tornou-se palavra de ordem nas cozinhas.

Sob esse prisma, uma pergunta persiste: por que os preços subiram tanto em tão pouco tempo? Os economistas até tentam explicar, mas o discurso não convence quem faz malabarismo para sobreviver. A cada reajuste, imprimem uma nova desculpa. Antes era a Covid-19, agora, a guerra na Ucrânia. Qual será a próxima justificativa?

No caso do leite de soja, realmente não dá para entender o porquê de esse produto ser tão caro. Afinal, o país é campeão no plantio dessa leguminosa. A questão é simples: muito do que é colhido é exportado. A sobra se torna ração para Pets ou suco. Também, propaga-se a ideia errada de que o leite de soja só é bom para quem tem aversão à lactose. Isso isola o produto e eleva o custo.

João Alvarenga professor de Redação e cronista!