João Alvarenga
O drama de Sandro
Todavia, a sugestão da promotoria não foi bem acolhida pela Prefeitura e o assunto se tornou um divisor de águas
Sorocaba está às voltas com uma polêmica: o zoológico “Quinzinho de Barros” poderá perder um dos animais mais queridos e que, por quatro décadas, tem encantado crianças e adultos. Trata-se do elefante Sandro que está no centro de uma discussão sobre seu destino. Por recomendação do Ministério Público, Sandro deverá ser transferido para um santuário de elefantes.
Mas, por qual motivo? O promotor Jorge Marum, autor da iniciativa, alega que o animal, desde a morte de Raissa, sua companheira, está muito deprimido. O Conselho de Bem-Estar Animal endossa a medida, pois entende que a transferência é necessária dada as suas condições de saúde. Para os conselheiros, “agora ele merece viver em paz e deixar de ser explorado”. Os que defendem sua remoção acreditam que o personagem desta história terá um final feliz, pois viverá em liberdade, num espaço amplo e acolhedor. Todavia, a sugestão da promotoria não foi bem acolhida pela Prefeitura e o assunto se tornou um divisor de águas. Os fãs do paquiderme entendem que o coitado, por ser idoso (cinquenta anos), talvez não aguente a viagem, já que o santuário está localizado na Chapada do Guimarães, em Mato Grosso, ou seja, a jornada será muito penosa.
Além disso, muitos acreditam que o animal terá dificuldades de se adaptar ao novo local porque, além de não interagir com outros elefantes, o bicho sempre foi alimentado por mão humana. O prefeito Rodrigo Manga engrossa o coro dos que defendem a permanência de Sandro no zoológico. Em entrevista à Cruzeiro FM, tocou no aspecto emocional que a questão envolve, pois Sandro faz parte da memória afetiva dos sorocabanos. Manga chegou a comparar a situação do animal a de um idoso que a família deseja transferir para um lugar que acredita ser o ideal, mas o ancião resiste, porque está acostumado ao local de origem.
Diante das divergências, Marum acredita que caberá a um juiz decidir o futuro de Sandro que, alheio ao drama que envolve seu nome, segue sua vida em passo lento.
João Alvarenga é professor de Redação e cronista