Vanderlei Testa

Na terça-feira de carnaval recordo da minha juventude; tocava nas bandas dos clubes a música “É hoje só, vai acabar, já, já”. E tinha a inesquecível marchinha “As águas vão rolar”. Hoje dedico o artigo aos foliões e escolas de samba que não saíram às ruas respeitando as regras de isolamento social da pandemia e a um ser humano defensor e medalha de ouro na conscientização da preservação das águas.

O Dia do Rio Sorocaba a ser celebrado no dia 22 de março, tem um campeão a ser louvado por todas as gerações. Francisco Moreira de Campos, o “Chico do Rio Sorocaba”. Ele é um símbolo e orgulho por seu testemunho de vida em prol da cidade.

Os seus atuais 89 anos de vida comemorados em janeiro de 2022, no signo de aquário, nos remete à água e peixes. Conheci o Chico do Rio na década de 80, na Associação Sorocabana de Imprensa. A sua participação como conselheiro da entidade motivava cada associado às águas profundas da defesa ecológica.

O espírito ousado do também escritor Chico o levou a relatar testemunhos no livro: “A luta de um ambientalista pela despoluição do rio Sorocaba”. Através de listas de abaixo assinados dos sorocabanos, o Chico arrecadava subsídios para o seu livro e para solicitar das autoridades providências concretas para salvar o rio muito poluído nos anos 2010.

Em 2014, no Dia Mundial da Água, a Biblioteca Municipal de Sorocaba abriu as suas portas para a tarde de autógrafos da obra escrita por Chico do Rio. A saga do autor foi tema de uma página no caderno Mais Cruzeiro. Centenas de estudantes sorocabanos das escolas municipais foram conscientizados da importância da preservação do rio Sorocaba pelo trabalho desse emérito cidadão.

O Chico era um frequentador assíduo das poltronas da Câmara Municipal para debater a preservação da água do rio, um bem público precioso da Criação divina e tão devastado pela humanidade, pela poluição e ganância. Ele sempre tinha nas suas visitas aos vereadores, uma tabuleta nas mãos e até pendurada no peito, como mostro na foto que ilustra a arte desta edição.

Através do testemunho de vida do Chico e família, refleti o amor paternal e cuidados dos filhos para com os pais. A filha Gilmara Campos é a joia ouro na convivência do Chico do Rio. A saudosa mãe Anésia e a irmã Graça, falecida há dois anos, sempre foram joias preciosas no lar do Chico. Há muitas pessoas que se relacionam com a família tratando-as como “bijuterias”.

Esse produto metálico fácil de ser comparado com as decisões humanas de nossa vida é parecido com a joia de ouro. Quer um exemplo? Quando estamos passeando em um shopping paramos em frente às lojas que vendem bijuterias e outras joalherias que comercializam peças fabricadas em metais preciosos, como o ouro. Olhando pelas vitrines, as joias de ouro e bijuterias parecem iguais.

Brilham, têm cores, pedras reluzentes verdes e vermelhas, anéis, brincos e alianças que satisfazem os desejos visuais dos consumidores. A diferença está no valor de cada peça. A bijuteria custa pouco e as de ouro mais caras. Em casa, quando há porta-joias, as pessoas misturam e guardam as suas joias de bijuterias com as de ouro, como se fossem iguais.

Bem, faço essa comparação do ouro e da bijuteria para expor que na vida de família e na comunidade não temos a opção em conquistar coisas que não são verdadeiras. O desamor é muito parecido com a bijuteria. A indiferença à realidade atrai os nossos olhos e com o tempo fica enferrujada e perde o brilho, quebra fácil e, se perdemos amizades com amigos, irmãos e pais, não nos importamos.

Já uma joia de ouro é como a amizade verdadeira, o amor pelo próximo é para sempre, tomamos cuidado e preservamos a sua conservação para um dia ficar como herança aos filhos. É a nossa história de vida! O Chico do Rio construiu com a sua família uma aventura de amor fundida em ouro maciço em suas mais de oito décadas de vida que perpetuará a sua trajetória na cidade.

O amor verdadeiro em nosso coração é uma joia de ouro. O gostar sem compromisso é bijuteria. Desaparece com o tempo.

A homenagem para uma pessoa, como o Chico do Rio, com o dom da sabedoria, discernimento, capacidade de amar indescritível, bondade e generosidade, deveria ser valorizada sobre a sua atuação na preservação do rio Sorocaba.

Uma vida dedicada à natureza são páginas eternas impregnadas de fidelidade à cidade em que nasceu e está presente em seus 89 anos de existência. Francisco Moreira de Campos nasceu em Sorocaba. Estudou no Grupo Visconde de Porto Seguro, onde fez os seus primeiros estudos na infância. Sempre foi atuante na comunidade em serviços humanitários.

Defensor do respeito e dignidade ao trabalhador foi uma liderança nas suas atividades. Trabalhou e se aposentou na Prefeitura Municipal de Sorocaba. Ganhou o apelido de Chico do Rio Sorocaba por ser um defensor incansável da despoluição e preservação da natureza. O seu sonho é que o planeta Terra seja um local do bem e da paz.

Cristão católico, ele conta que ora todos os dias o Terço ao se levantar e ao deitar para dormir, pedindo para que o povo e políticos sejam conscientes em suas decisões e acatem as medidas de racionamento de água e pedido de paz na Ucrânia. Hoje, a filha Gilmara Campos é a sua força na busca diária da saúde física e pelo incentivo ao dom da sua vida rumo aos 90 anos.

Durante uma conferência da ONU, em 1992, foi aprovado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Além de celebrar o papel essencial da água para a vida no planeta, a data tem como objetivo colocar em discussão questões relacionadas à preservação dos recursos hídricos e da sustentabilidade. O tema do Dia Mundial do Meio Ambiente em 2022 é: “Uma só Terra”.

Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul