João Alvarenga
Ávidos pelo saber
Ainda que as máscaras sejam necessárias, é possível ver nos olhos dos alunos uma felicidade plena que motiva os professores
Finalmente, depois de quase dois anos, este matutino trouxe a tão aguardada notícia: as escolas abriram suas portas para receber presencialmente os alunos. Já era tempo, pois as carteiras estavam saudosas do ruído das crianças e a lousa se sentia abandonada diante de um silêncio perturbador. Afinal, uma sala de aula vazia é como um corpo sem alma, pois o educador só se completa com os educandos. Ou seja, o professor só tem função social diante dos alunos, pois o corpo discente é a razão primária de todo processo.
Embora o ensino remoto tenha sido uma novidade imposta pelas circunstâncias da pandemia, tudo foi meio improvisado, pois o mundo foi surpreendido pelo caos, não deu pra planejar nada. No fundo, a aula digital foi um recurso momentâneo, para evitar que os laços da educação se rompessem. Mas, nem todos os estudantes tiveram acesso a tal benefício. Por isso, a rede pública apresentou um alto índice de evasão escolar.
Além das barreiras tecnológicas, a desmotivação de parte do alunado se deu pelo fato de que nada substitui a interação professor-aluno na sala física, em que as dúvidas são esclarecidas no momento em que surgem, além de permitir a socialização entre os jovens, experiências que prepararão os adolescentes para viver em uma sociedade 100% real.
Por isso, os alunos retornaram à materialidade do ambiente escolar, ávidos pelo saber, a fim de eliminar um amargo sentimento de ausência e, assim, responder à chamada com vontade de não mais se ausentar. Além de matar a saudade dos amigos, puderam rever espaços que sempre foram deles, como o festivo pátio do intervalo e a atrativa cantina.
Em síntese, foi um reencontro memorável, uma oportunidade de colocar a conversa em dia e, aos poucos, resgatar a sensação de pertencimento. Ainda que as máscaras sejam necessárias, já é um recomeço, pois é possível ver nos olhos dos alunos uma felicidade plena que motiva os professores a seguirem firmes e fortes na missão que abraçaram com amor.
(*) João Alvarenga professor de redação e cronista