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Marcelo Augusto Paiva Pereira

O módulo

É a repetição planejada de uma medida pré-definida e ordenada dos componentes. Transforma a tarefa de construir em atividade de montagem e reduz a produção de resíduos

09 de Fevereiro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Marcelo Augusto Paiva Pereira.
Marcelo Augusto Paiva Pereira. (Crédito: Arquivo Pessoal )

Marcelo Augusto Paiva Pereira

Módulo é uma medida padronizada utilizada em arquitetura e urbanismo. Tem origem muito antiga e aos dias atuais chegou dissociado de suas originais fontes de criação. Seguem comentários sobre ele.

O módulo regula as proporções de uma obra e a organiza nos elementos que a compõem. É um comando, tem natureza de padronização e a finalidade de reduzir custos de produção. Suas fontes remontam à Grécia Antiga, período em que o corpo humano servia de paradigma à arquitetura, com suporte nas medidas de cada membro e nas proporções entre eles.

No período renascentista, Leonardo da Vinci o redesenhou, pôs o centro no umbigo e extraiu as medidas e proporções de cada membro. Outra antiga fonte de padronização é o tatame, espécie de colchão criado pelos japoneses com o qual definiam as medidas das construções.

Somente após a Revolução Francesa surgiu o sistema métrico decimal (metro, grama e litro), que alterou as medidas e proporções. Antes dele eram utilizadas as medidas imperiais, fundadas nas partes e membros do nosso corpo (polegadas, braças e pés, por exemplo).

No século XX, Le Corbusier criou o “Modulor”, figura desenvolvida pelas medidas e proporções humanas, para servir de paradigma aos desenhos arquitetônicos. Após a Segunda Guerra Mundial, os norte-americanos criaram o desenho universal, definido pelas medidas dos homens e das mulheres, com o fim de ser referência aos projetos industriais e atender às necessidades das pessoas portadoras de necessidades especiais.

O módulo serve de fonte aos projetos arquitetônicos racionalizados e industrializados. Nos primeiros é produzido no canteiro de obras da construção, enquanto nos demais é pré-fabricado pela indústria. A coordenação modular é sua elementar, visto que a induz a repetição do módulo, na razão do projeto ou construção da obra.

É a repetição planejada de uma medida pré-definida e ordenada dos componentes. Transforma a tarefa de construir em atividade de montagem e reduz a produção de resíduos. A primeira obra com coordenação modular foi o Palácio de Cristal, construído em 1851 para a exposição do aço, em Londres.

Nas décadas de 50 e 60 do século XX, os países industrializados da Europa e da América do Norte acolheram a coordenação modular. No Brasil, em 2010 a ABNT atualizou e editou a norma NBR 15.873, que trata da coordenação modular na construção civil.

Atualmente o módulo tem por fonte o melhor entendimento do arquiteto e urbanista, para atribuir o melhor aproveitamento de material e o menor custo individual em relação a cada objeto a ser produzido, sem prejuízo da qualidade e com vistas ao melhor uso pelas pessoas.

Em suma, o módulo tipifica (padroniza) o projeto e o define de acordo com sua coordenação modular desde o desenho até o exaurimento da sua execução. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista.