João Alvarenga

O ano mal começou e o sorocabano se depara com as velhas notícias de sempre, aquelas que, por tradição, teimam em não abandonar o noticiário, como se fizessem parte do cotidiano das redações. No fundo, são fatos que deixam uma sensação de déjà-vu, ou seja, narrativas que se repetem com pouca variação nos enredos. Exemplos: matérias que tratam do aumento do preço do material escolar ou dos combustíveis já não surpreendem o leitor, pois se tornaram rotina.

Outra notícia corriqueira: chuvas de janeiro causam estragos. Claro, este mês é marcado por intensos temporais que provocam danos de toda ordem. Encostas são levadas pela força das águas, casas são destruídas, famílias perdem seus entes queridos e bens conquistados com sacrifício. Esse filme se repete e, a cada ano, com maior intensidade, sem que haja um trabalho preventivo, por parte das autoridades, para evitar que tais tragédias estampem os jornais.

Neste ano, contudo, os temporais não se concentraram apenas na região Sudeste. Ou seja, além do Rio de Janeiro e São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Goiás foram os estados mais castigados pelo descompasso da natureza. Foi tanta água que caiu do céu, em tão pouco tempo, que muitas cidades ficaram arrasadas.

As imagens, pela TV, impressionam, pois além de casas invadidas pela lama, pontes e estradas foram arrastadas pela correnteza. Centenas de famílias ficaram desabrigadas. Todavia, infelizmente, em pouco tempo, todo esse sofrimento do povo humilde que perdeu tudo com as cheias será esquecido, até que o aguaceiro retorne.

Assim, enquanto sobra água na parte de cima do País, os estados do Sul são castigados por uma longa estiagem com intensas ondas de calor que provocam prejuízos às lavouras. Para finalizar, um lembrete que endossa esse descompasso: em tempos recentes, Sorocaba já sofreu com temporais; todavia, hoje, por ironia do destino, além do calorão, amarga um duro rodízio no abastecimento de água. Afinal, as chuvas foram aquém do esperado.

João Alvarenga professor de redação e cronista