Vanderlei Testa
A vez dos armazéns da nossa infância
A transformação de armazéns em redes de supermercados e atacadões vêm acabando com esse comércio tradicional
Vanderlei Testa
Quem teve a experiência de comprar mantimentos em armazéns de bairros sabe o quanto é gostosa essa tradição dos nossos pais e avós. A transformação de armazéns em redes de supermercados e atacadões vêm acabando com esse comércio tradicional.
Em Sorocaba passei 26 anos morando na rua Santa Maria, Vila Hortência, ao lado do armazém do Antônio Asseituno. As sacarias de arroz e feijão a granel, tambores de óleo, latas de gorduras de porco com 20 quilos, e tudo o que havia na época em uso nas cozinhas e na casa enchiam as prateleiras dos armazéns ou vendas.
Vou aguçar a saudade dos leitores citando esta primeira série de dois artigos dos armazéns de Sorocaba e região. Graças à pesquisa que fiz, seguem os depoimentos, como a da Rita Bruno que citou o armazém do Manolo, da Vila Amélia. A Lúcia Todesco disse que o seu cunhado Paschoal tinha o armazém do Baixinho, na rua Quinzinho de Barros, onde ela fazia as suas compras.
“Na rua que eu morava, na vila Santana, tinha o armazém do Fazolin, rua Foschi Baddine”, contou o Antônio Moraes. Armazém do Soriano, na esquina das ruas Francisco Glicério x Quinzinho de Barros, nos anos 50/60. “Eu fui vizinho do Soriano por 17 anos”, comentou Antônio Tabajara.
Armazém do Japonês, rua Moreira Cesar, citou o Ricardo Dias. Armazém do Saps e Sesi, na rua dos Morros, disse o Silvio Bizan. “O armazém do Santino Pereira faz parte da minha vida”, conta Douglas Cumpian, acrescentando o armazém do Bijo, na Vila Santana.
Marcos Neves morava na Vila Santana e comprava no armazém dos Perella da rua Aparecida. Esse armazém também fez parte da vida de Cristina Valério e Eleni Aparecida dos Santos Vieira. O Milton Gori relembrou do armazém do Anselmo, atual Mercearia Galvez, na Nogueira Padilha.
Jô Prette destacou nas recordações de décadas as suas compras nesse armazém do Galves e Pereira, cujos donos eram o Anselmo e o Pedro Galves. José Eduardo Prestes destacou o armazém do Antônio Maldonado, nos altos da rua dos Morros.
Luiz Carlos Fumagali não se esquece do armazém do Líbero e Alzira Tudella, na Hermelino Matarazzo, altura do número 762, e do Dito Paes e Pedrinho, na esquina da Baltazar Fernandes. O Adilson Ribeiro lembra indo no armazém do Fortaleza e do Zico. “Um na frente do outro”, destacou.
Ivan Robson traz nas suas lembranças o armazém do Manezinho. A Fina Coló complementou que o armazém do Manezinho (Manoel e Luiza) ficava na esquina da rua Ruy Barbosa x Av. Cel. Nogueira Padilha. Já o Antônio Carlos Sartorelli frequentou o armazém dos Viscaínos (Pedro) na rua Visconde do Rio Branco, onde os cereais, tipo arroz, feijão e outros, eram armazenados em caixas de madeira.
O óleo era vendido em tambor. Nas lembranças do Sartorelli, o armazém do Véio, ao lado da antiga igreja católica da Vila Jardini, onde ele passava entre os sacos de arroz, feijão, açúcar, farinha e os tambores de óleo e querosene. A Vanda Felipe Ferraz têm saudades do armazém do seu Ito na Nogueira Padilha.
O dono era o Vicente Vecina, apelidado carinhosamente de seu Ito. Frederico Schrepel também destacou esse armazém. Carlos Hingst Corrá foi vizinho da minha casa e do armazém da fábrica Santa Maria onde trabalhava o seu avô Bráulio do Amaral Hingst.
Ele era balconista e vendeu durante anos aos meus avós e pais. Nilza Lopes diz que o armazém de secos e molhados do Chico, na Nogueira Padilha, perto do parquinho, era onde os seus pais faziam a compra do mês. Ela se lembra com carinho quando o pai ia pagar a caderneta, o Chico dava um saquinho com doces pra dividir com os seus irmãos.
“Eu adorava”, cita a Nilza. Fato também comentado pelo Daniel Solange que acrescentou: “O Chico instalou no armazém uma placa escrita em destaque: ‘É aqui a venda do Chico, secos e molhados bebidas e latarias, fumos das melhores procedências’”.
Luiz Lucchesi voltou à infância para me contar que o armazém do Toninho, rua Aparecida, no trecho entre a alameda Kenworthy e av. Pereira da Silva, nos idos da sua infância, fornecia os alimentos aos seus pais, Celina e Luiz, e demais clientes com caderneta mensal.
Jaqueline Barcelos Coutinho: “Tinha um armazém aqui na rua João dos Santos em Santa Rosália do senhor Hermínio. Meus pais compravam cereais, arroz, feijão. Tinha açúcar, café a granel”. José Carlos Gil lembrou-se dos anos 50, comentando que havia o armazém da Wanda, em frente à demolida estação da Vila Assis, na rua Moreira Salles.
Selma Fontolan comprava na cerealista Clemente, rua Theodoro Kaizel, Vila Hortência. O Roque Barbosa Lima, morador no centro de Sorocaba ia ao armazém do Dilermano, na rua da Penha, esquina com a rua Miranda Azevedo. Nas recordações do Richelieu Tarcísio Hingst Costa ele tem memorizado as visitas na rua Brigadeiro Tobias, vizinho ao Verrone, do armazém de secos e molhados do Francisco Braion.
Sua esposa dona Alzira, o filho João, administraram o negócio durante muito tempo. Na rua João Ferreira da Silva, número 1.200, existiu o armazém Molina, do Paco Molina. Depois mudou para Supermercado Molina, administrado pelo João Molina, hoje na gestão do Neto, Alessandro Molina. Na mesma rua, em frente ao Molina, tinha o Armazém do Luiz Peres, com a clientela da região da Árvore Grande.
Eduardo Cenci comentou: Armazém do Chico Calderon, rua Salvador Correa, Vergueiro. Neide Andrade Barcelos Coutinho traz o nome do armazém do seu Bonadia. Toda a família trabalhava no armazém. Gente muito boa, generosa e alegre.
Neide adorava ir tomar sorvete lá: “Saudades daqueles tempos”. Moacir Vigari é da época do armazém Feiras Fixa, do Nelson do Carmo, na rua Nogueira Padilha. Ficava de frente para rua Catalunha. Moacir lembra que posteriormente todos os armazéns do Nelson do Carmo passaram a se chamar mercados Vem-Ka.
A história dos armazéns continua!
Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul