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O livro da minha vida

Artigo escrito por Roque Dias Prestes

10 de Dezembro de 2021 às 00:01
Roque Dias Prestes.
Roque Dias Prestes. (Crédito: Divulgação)

Anteontem à noite, quando adormeci, acabei de escrever mais uma página, no livro da minha vida.

Ontem pela manhã, ao despertar, já tinha virado a página e estou deixando a marca da minha existência, nessa página 83.

Não tenho pressa para escritura-la; afinal, com a graça de Deus, nosso Senhor, tenho esperança de poder fazer isso, um pouquinho a cada dia, nos próximos 363, quando esta também deverá estar concluída.

Muita gente, mantém o livro da sua existência, fechado a sete chaves; outras pessoas, entretanto, não têm a preocupação de evitar que ele seja folheado por estranhos. É o meu caso. Isto porque, além desse livro minucioso, no qual todo ser humano deixa registrada diariamente sua passagem neste mundo, no ano de 2011, tornei pública minha biografia, “A história da minha vida”.

Nesse livro palpável, estão relatadas as partes mais significativas da minha existência, desde meu nascimento em uma choupana coberta de sapé, chão de terra batida e paredes de barro, no pé da Serra de Botucatu, no município de Pardinho-SP, quase divisa com o município de Guareí. Ao chegar à idade escolar, meus saudosos pais: Benedito Dias Prestes e Lázara Maria da Conceição, fizeram nossa primeira mudança, para a Fazenda Janeiro, mais próxima de Pardinho, onde aprendi as primeiras letras do nosso alfabeto. Outra mudança, para São Manuel-SP e alguns anos após, para Votorantim, cidade que perpetuou o nome dos meus genitores, em duas ruas, uma no Jardim Paulista, Benedito Dias Prestes e outra, no Jardim Monte Verde, defronte ao meu sítio, no Bairro da Capelinha, o qual o Google ainda denomina “Colina Santa Mônica”, este bairro localizado na parte baixa de Votorantim, bem distante da “Capelinha”.

A partir do ano de 1958, as páginas do livro da minha vida registram o que eu tenho feito em Votorantim; aqui trabalhei na função de pedreiro, operário da Fábrica de Papel Votocel -- nessa época, ano de 1961, a campanha de emancipação do antigo distrito de Votorantim, da cidade de Sorocaba, estava a todo vapor e na Votocel, muitas vezes, tive discussões acaloradas, com colegas de trabalho, os quais residiam em Sorocaba e eram contrários ao desmembramento de Votorantim -- a partir de 2 de setembro de 1965, passei a trabalhar na Prefeitura Municipal de Votorantim, primeiro, na função de servente, depois: contínuo, auxiliar de escritório, secretário da Junta de Serviço Militar, advogado assistente e por último, diretor do Procon, até ser aposentado, por tempo de serviço, no dia 31 de dezembro de 1992.

No começo do ano seguinte, pelo fato de além da formação em Direito e professor de ensino profissionalizante, eu ter outra formação -- licenciatura plena em Sociologia --, não deu para sentir o gosto da inatividade. Acabei me tornando servidor Estadual e ingressando no Magistério. Dei aulas de Contabilidade, Economia e Mercados, durante cinco anos, na Escola Estadual, Profª Josepha Rodrigues Fernandes, em Sorocaba e quatro anos, lecionando Sociologia nas escolas: Dr. Julio Prestes de Albuquerque, o “Estadão”, Antônio Padilha, Senador Vergueiro e Aggêo Pereira de Almeida, todas em Sorocaba, até o ano de 2008, quando completei 70 anos de idade. Alcançado pela “compulsória”, fui aposentado proporcionalmente, ao tempo de serviço prestado.

No livro da minha vida, também está registrado a fundação do primeiro jornal de Votorantim, “JV Jornal de Votorantim”, semanário que funcionou normalmente, até 6 de fevereiro de 1982; nossa redação e oficinas eram localizadas na rua Tarciso Nascimento, próximo a uma das margens do rio Sorocaba, quando foram tomadas pelas águas, como aconteceu com toda a parte baixa de Votorantim, na grande enchente naquele dia. Um mês após, o JV ressurgiu das águas, literalmente, até ser consumido por um grande incêndio, no dia 27 de agosto de 1985. Depois dessa data, o JV ainda circulou por um bom tempo, confeccionado em oficinas de terceiros.

Ainda registra o livro da minha vida, meu casamento com Dirce Helena Dias Prestes, em 9 de maio de 1970. Desse consórcio, nasceram: Patrícia, Roque, Rogério e Francine; pela ordem, nos deram os netos, Evelyn, Roque, Stefany, Isabelli, Scarlett e Domitila; temos uma bisneta: Emanuella, filha da Evelyn.

Outro registro, também importante é o título de “Cidadão Votorantinense”, que a Edilidade local me concedeu, no ano de 2000.

Este é o conteúdo principal do livro da minha vida. Espero, além desta página 83, que a cada dia escrevo um pouco, o Grande Arquiteto do Universo me proporcione acrescenta-lhe novas páginas; se não for pedir muito, com esta mesma qualidade de vida...

Roque Dias Prestes é advogado, escritor, jornalista, professor aposentado e presidente da Academia Votorantinense de Letras, Artes e História.