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Bye, bye, flor do Lácio!

Artigo escrito por João Alvarenga

03 de Dezembro de 2021 às 00:01
(Crédito: LUIZ TERRA)

Amigos, uma carta publicada no “Espaço do Leitor” deste matutino tornou-se objeto desta crônica. Afinal, o assunto levantado pelo senhor Carlos Roberto Dias merece uma reflexão. Como se já não bastasse à internet ser o “templo” da língua de Tio Sam; no texto, observa que os termos em inglês estão presentes em quase tudo, desde situações mais comuns do nosso dia a dia até as mais complexas. Como exemplo, refere-se aos lançamentos de conjuntos residenciais em nossa cidade.

Será que esse modismo é exclusividade de Sorocaba? Mas, como observa o missivista, as expressões: work out, fitness, heath care, coworking, pet garden, dog wash, playground, playbaby, entre outras tantas, tornaram-se uma verdadeira febre no setor imobiliário local. Também não dá para saber se tais palavras ajudam a alavancar as vendas desses empreendimentos. Quiçá, trabalhem com a ideia de que os apês daqui têm as mesmas características dos imóveis yankess, a fim de dar um up nos negócios.

Uma coisa é certa: há tempos que o idioma de Camões está desprestigiado, pois alguém criou a crença de que, se está na língua inglesa, tem credibilidade no mercado. Haja vista a predominância do pop norte-americano nas rádios locais. Assim, qualquer boteco tem sistema delivery, senão o fast food não chega.

Logo, ninguém quer saber de pão com ovo, o ideal é “X EGG”! Aliás, o criativo compositor Zeca Baleiro, no “Samba do Approach”, ironiza essa mania que temos de trocar português pelo inglês: Fica ligada no link / Que eu vou confessar my love / Depois do décimo drink / Só um bom e velho engov...

Brincadeiras à parte, o assunto é punk, pois nem todos têm insight pra sacar que a Língua Portuguesa, embora não seja tão ajustada ao business, é nosso maior patrimônio. Ou seja, como dizia Olavo Bilac, nossa língua é a “última flor do Lácio”, tão rica e tão bela.

Logo, apesar do estrangeirismo, o velho Português resiste, pois nada o substitui de verdade, principalmente quando cantamos, a plenos pulmões, palavra por palavra, o Hino Nacional, pois nosso coração verde-amarelo fala mais alto.

(*) João Alvarenga professor de redação e cronista.