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Alimentação

Chegou a vez dos restaurantes

Artigo escrito por Vanderlei Testa, jornalista e publicitário

16 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Sorocaba possibilita alternativas para as pessoas perguntarem:
Sorocaba possibilita alternativas para as pessoas perguntarem: "o que vamos comer?", ao invés de "onde vamos comer?" (Crédito: ARTE: VT)

Vanderlei Testa

Os meus artigos das padarias fez com que surgissem sugestões dos leitores para escrever sobre restaurantes da cidade. Vou começar por um que teve o seu chefe gastronômico atuando 23 anos. Seu nome é Daniel Perdiga.

Em 2021, os restaurantes de Sorocaba alimentaram diariamente milhares de pessoas em mais de 500 estabelecimentos físicos e centenas de deliveries. Hoje um casal chega a pagar mais de R$ 500,00 por um jantar em restaurante badalado da cidade. Já na opção de quilo, cerca de R$ 30,00 o almoço ou jantar.

A geração que cresceu com o garoto Daniel Perdiga na rua Cláudio Furquim, travessa da rua Coronel Nogueira Padilha, não imaginava que ele seria um dos especialistas em gastronomia da cidade. A foto de uma jabuticabeira no seu quintal, saboreando as frutas no pé, me levou ao Daniel.

Ele publicou a jabuticabeira da sua casa e repleta de frutas. Fui buscar a sua história nos restaurantes e, quem sabe, ganhar um balde de jabuticabas. Amigo de longa data da Vila Hortência, Daniel Perdiga teve a sua infância no Grupo Escolar Senador Vergueiro e brincadeiras nas ruas. Seu nome Oswaldo Daniel acabou ficando com o “Perdiga”, apelido que o acompanha em toda a sua carreira profissional em restaurantes.

“Gastronomia com Requinte” é o título de um de seus livros, onde passa a sua experiência gastronômica. Como dono de restaurantes em Sorocaba durante mais de 20 anos, o Daniel Perdiga se destacou por abrir um novo conceito de cardápios na cidade.

Daniel teve um programa de televisão especializado em reunir gente da sociedade em suas cozinhas praticando a gastronomia caseira. Ele passava horas na produção dos pratos com os convidados. Durante anos foi um sucesso de audiência, antecedendo a atual fase em que assistimos os chefs nos principais canais de televisão.

Com mais de 320 programas gravados no seu canal, Daniel se tornou referência na cidade. Em uma de suas revistas especializadas em mostrar pessoas e seus pratos prediletos, acabei sendo um dos entrevistados com a receita de nhoque da minha avó.

Outro livro que levou a assinatura do Daniel Perdiga trouxe em suas mais de 300 páginas as receitas gastronômicas especiais de famílias sorocabanas. Os detalhes dos temperos, segredos de produção de massas e carnes que o Daniel tem na sua história, foram destacados em 50 principais receitas do livro.

Essa obra foi prefaciada pelo ator Paulo Betti. Artistas renomados da televisão, como Antônio Fagundes, Lima Duarte e Tony Ramos fazem parte dos comensais dos pratos preparados pelo Perdiga.

Pratos leves, como a salada primavera e a salada de agrião com peito de peru, faziam sucesso entre os telespectadores do canal apresentado por Daniel Perdiga. “O manjar dos deuses e a iguaria dos reis”, segundo Daniel, ainda continuam em vídeos no seu canal do Youtube.

Uma das suas iniciativas foi inaugurar o Daniel Piano Bar na sua mansão do Campolim, onde mantinha o seu restaurante. Na época, em abril de 2011, o jornal Cruzeiro do Sul publicou uma entrevista com o empresário Daniel Perdiga, que após 16 anos nesse prédio acabou por vendê-lo e, posteriormente, alugado a uma rede de franquias de pizzarias.

Segundo dizia Daniel, a cidade de Sorocaba crescia muito e exigia novas oportunidades de investimentos em casas de gastronomia. Ele, que já tinha permanecido anos em restaurantes, queria mudar de foco profissional.

Daniel relembra hoje de quando administrava, em 1988, o Ristorante Macchiarolli, na avenida Dr. Eugênio Salerno, 157. Nunca parou até praticamente “se aposentar” nesse ramo de comércio que exige muita dedicação dia e noite.

“As mudanças econômicas e as exigências do mercado em Sorocaba, com grandes redes de franquias de restaurantes em shoppings, exigiram uma tomada de decisão que foi benéfica para mim e minha família”, diz.
Com mais de 700 mil habitantes, Sorocaba possibilita à população, alternativas para as pessoas perguntarem: “o que vamos comer?”, ao invés de “onde vamos comer?”.

“A variedade da cozinha italiana, alemã, espanhola, portuguesa, árabe, japonesa, especialização em pratos e frutos do mar, estão em toda a cidade. Fiz parte dessa história e me sinto feliz por isso”, diz Daniel.

Convido o leitor a voltar no tempo em restaurantes na história de Sorocaba. Começo pelo restaurante Scherepel, na rua São Bento, ao lado do Sorocaba Clube. O Gustavo Frederico Scherepel, da família proprietária, me contou que o seu pai, Frederico, e o seu tio Jorge, abriram o Scherepel em 1942.

Ele sabe, como filho, o que foi passar a vida em meio à gastronomia fabulosa desse restaurante. Em 1964, o Fred Scherepel fundou uma churrascaria com o nome Ok. Sucesso de público. Atualmente, nesse local está a churrascaria Boi na Brasa.

Em 1977, o Fred Scherepel vendeu o OK, cujo novo dono, Vitor Ongurato, mudou a churrascaria de local. Uma curiosidade citada pelo Fred: os motoristas que paravam para almoçar, davam o significado do nome Ok para veículo “zero quilômetro”.

O restaurante e pizzaria Riccieri fez a Patricia Quirino Gomes voltar à infância com os pais, nos almoços de domingo. Ela me contou suas lembranças. O azeite Maria nas pizzas, pessoas palitando os dentes com a mão esquerda na boca, são algumas imagens visuais que ficaram na sua meninice.

Outras mensagens diziam: a fumacinha da churrasqueira tinha sabor de carne na churrascaria do Marques, avenida São Paulo, ao lado do Posto Montoro. A Cantina Sole Di Napoli e o Restaurante do Chico Cianella, imperdíveis com suas massas e peixes.

No Jardim São Paulo, havia a churrascaria do Moraes, com o sabor de suas carnes invadindo a vizinhança. O Restaurante e Pizzaria do Cyro Ruiz, na avenida Afonso Vergueiro, era um dos programas favoritos dos apreciadores da boa cozinha. Hoje, o filho, Pedro Ruiz, é expert em culinária e vinhos, aprendida com os pais, Josepha e Cyro.

A hora da fome levou também muita gente ao Restaurante Pilão e ao Restaurante Iaiá, nos anos 50. No próximo artigo, uma lista de restaurantes dos saudosistas.

Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul