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Fauna ameaçada

Artigo escrito por João Alvarenga

05 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: LUITZ TERRA)

Foi com tristeza que fiquei sabendo, pelas páginas do nosso querido Cruzeirinho, que o pica-pau-bico-de-marfim foi declarado como oficialmente extinto pelas autoridades estadunidenses. O pássaro em questão serviu de inspiração para que Walter Lantz e Ben Hardaway criassem, na década de 40, um dos personagens mais famosos dos desenhos animados, o Pica-pau. Em pouco tempo, essa figurinha antropomórfica (corpo de pássaro e atitudes humanas) ganhou fãs ao redor do mundo.

Mas, agora, está esquecido, pois novos personagens passaram a fazer parte do imaginário da criançada do século 21. Porém, alguns episódios ainda sobrevivem nos canais retrô, para a alegria dos que cresceram dando gargalhadas das armações de um pássaro maluco que não levava desaforo pra casa.

Nostalgias à parte, a notícia que motivou esta crônica é mais séria do que os desenhos animados, pois o serviço de proteção à vida selvagem, nos Estados Unidos, anunciou, recentemente, que 23 espécies de animais foram permanentemente extintas da fauna daquele país.

Isso é lastimável e nos faz pensar sobre as condições das nossas espécies que também estão sob a mesma ameaça e que, em pouco tempo, poderão desaparecer, silenciosamente, das nossas matas, sem que as novas gerações sequer saibam que, um dia, esses animais povoaram nossas florestas.

Estão ameaçados: ararinha-azul, lobo-guará, gato-maracajá, cervo-do-pantanal, tartaruga-cabeçuda, jacaré-do-papo-amarelo, macaco-prego dourado, boto-cor-de-rosa, ariranha e mico-leão dourado, mono-carvoeiro, além de insetos, pequenos roedores, anfíbios e répteis. Pois, cada vez mais, o homem avança sobre as matas para expandir o cinturão agrícola. A derrubada de centenárias árvores compromete a vida dos animais e do planeta.

Por isso, muitos pássaros e até animais selvagens são vistos, com frequência, pelas cidades, pois seus habitats estão reduzidos. Logo, o Brasil vive o desafio de conciliar expansão agrícola com preservação ambiental, ou seja, matar a fome do povo sem matar as florestas.

(*) João Alvarenga: professor de Redação e cronista.