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A COP26 e o meio ambiente

Artigo escrito por Marcelo Augusto Paiva Pereira

04 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Marcelo Augusto Paiva Pereira.
Marcelo Augusto Paiva Pereira. (Crédito: Arquivo Pessoal )

A reunião de chefes de Estado na COP26, em Glasgow, expôs a situação periclitante em que nos encontramos diante da degradação do meio ambiente natural. Desde a primeira revolução industrial, ocorrida na Inglaterra do século XVIII, a natureza tem sido permanentemente agredida pelo progresso tecnológico e científico praticados.

Da mencionada revolução industrial até os dias atuais, a arquitetura e urbanismo se submeteram aos modelos econômicos dominantes, determinados pelas classes sociais e econômicas e os efeitos decorrentes, como são a expansão territorial, os centros urbanos, a periferia, as indústrias, o zoneamento e, a contragosto, o descarte de resíduos e de rejeitos, a poluição ambiental e a degradação urbana (guetos (cortiços) e favelas).

Ao contrário da expansão territorial, existe a proposta de adensamento urbano através da expansão vertical, em que as cidades crescerão para o alto, em edifícios com diversos andares, construídos em áreas subutilizadas nos centros e em áreas próximas, enquanto outros edifícios, abandonados ou subutilizados, serão reformados para inovar a destinação de cada (salas comerciais, creches, escolas primárias, postos policiais e de saúde, farmácias etc.).

Junto à expansão vertical também se entende pelo projeto de novas áreas de lazer e comércio, nas quais os automóveis não terão acesso para estimular o pedestrianismo e o uso de bicicletas, cujas áreas deverão ser próximas das habitações, populares ou não, com vistas ao maior uso do espaço urbano pelas pessoas. Os automóveis ficarão guardados nas garagens de quem as têm ou em edifícios-garagem para quem não as têm em suas habitações.

Várias vias públicas deverão ser redesenhadas, algumas suprimidas, outras ampliadas ou alargadas e ainda outras criadas para aprimorar a mobilidade no espaço urbano adensado pelos edifícios, áreas de lazer e comércio nele distribuídos.

O transporte público deverá ser prestigiado tanto na qualidade quanto na quantidade dos veículos, para atender à população de diversas camadas sociais e econômicas, na medida dos espaços urbanos redesenhados e na razão do adensamento correspondente.

Serão necessárias parcerias com a iniciativa privada (na forma como a lei autorizar) e diversas desapropriações, cujo custo aos cofres públicos demandará vultosos empréstimos, talvez a instituições financeiras estrangeiras. Um megaprojeto de dimensões urbanas e econômicas descomunais, talvez impensável a muitos administradores públicos mas, senão urgente, ao menos necessário pelos anos que se avizinham.

No século XX desenhamos nossas cidades aos automóveis e ao progresso científico e tecnológico em que se encontravam e também prometiam. Desta vez precisamos desenhá-las às pessoas, com vistas à proteção do meio ambiente natural, para que continuemos a viver e em nossas cidades. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista.