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À vida

Elza e Romualdo, celebrar a vida na Terra e no céu

Artigo escrito por Vanderlei Testa, jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul

02 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A família Bizan Zambianco escreveu capítulos de amor ao próximo na Vila Carvalho e em outros bairros da cidade
A família Bizan Zambianco escreveu capítulos de amor ao próximo na Vila Carvalho e em outros bairros da cidade (Crédito: ARTE: VT)

Vanderlei Testa

 
Um carro Monza de cor azul colonial. O meio de transporte que diariamente têm na sua direção o pai e vovô Romualdo Zambianco. Ele tem 84 anos de idade. É o que considero exemplo de ser humano. Passei duas horas com o Romualdo e sua filha Iolanda.

Uma conversa especial para este artigo ter a doçura da sua vida sentimental, como mel puro. Neste Dia de Finados, Romualdo dedica à sua amada Elza as orações e flores do seu jardim. Uma data para agradecer a vida de quem o fez feliz na Terra e hoje está no céu.

O romance do casal uniu a família Bizan e Zambianco. Romualdo nasceu em Tietê. Seus pais, Maria Teresa e Angelo, moravam na zona rural quando ele nasceu, em 1937. Uma criança talhada para trabalhar na fazenda desde os seus primeiros anos, junto aos irmãos. Seus pais tiveram 16 filhos. O irmão mais velho, 95 anos, mora em Itararé.

Quando tinha 12 anos de idade, o garoto Romualdo teve o seu primeiro sentimento de amor por uma mocinha de 11 anos. Ela se chamava Elza Bizan. Conversamos sobre esse tempo em que o seu coração apaixonado foi acelerado. Elza era uma das filhas de família vizinha dos Zambianco.

Romualdo recorda que devido à pouca idade da Elza, o pai, Fernando Bizan, mantinha controle rígido nas suas amizades até na hora de frequentar o catecismo na Igreja Nª Sª Aparecida. No entanto, como nos filmes de romances, nada iria interromper o sonho àqueles dois amigos de infância, na Tietê dos sacerdotes redentoristas.

Romualdo e Elza namoraram escondido dos pais durante mais de quatro anos. Esse “escondido” quer dizer que foram 1.400 dias, apenas de olhares trocados, mãos juntas em toques e palavras “eu te amo”. E nas promessas entre eles: “Teremos idade para namorar pra valer quando chegar os 18 anos”. E aconteceu!

Romualdo ao atingir a maioridade, decidiu que a primeira atitude a tomar seria pedir “a mão da Elza” ao futuro sogro, Fernando. Foi aceito o pedido e, nesse dia, as estrelas brilharam diferente no céu escuro e enluarado da fazenda em Tietê.

A lua cheia decorava a constelação que Deus criou em pontos de estrelinhas de luz. O amor ganhava dois apaixonados rumo ao altar. O dia 28 de dezembro de 1957 jamais seria esquecido na vida do casal até que a morte os separasse.

O juramento de um sim, que foi falado no mais íntimo das almas de Elza e Romualdo durante o sacramento do matrimônio, celebrado em Tietê, na Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, permanecerá sempre no coração do viúvo Romualdo.

Desde os seus 12 anos, ele viveu 52 anos de intenso amor na união de almas gêmeas apaixonadas. Na beleza do amor de Elza e Romualdo, cinco filhos foram gerados e as bênçãos derramadas por Deus uniu a todos.

A filha Iolanda e o filho Célio nasceram de parto natural na casa da fazenda, em Tietê. As filhas Maria Aparecida e Celisa, tiveram suas histórias de nascimento e registro civil na cidade de Laranjal Paulista, próxima à cidade de Tietê.

O médico Djalma Sampaio, que cuidava do acompanhamento da gestação da Elza, morava nessa cidade. A Cidinha, como ficou conhecida a Maria Aparecida, teve pressa em nascer. Com sete meses de gravidez da Cidinha, a Elza dava à luz na maternidade de Laranjal Paulista.

A menina Cidinha nasceu forte e lutadora pela vida. Já a Celisa Zambianco aguentou firme os nove meses no ventre da mãe, até nascer em 21 de agosto de 1968. Celisa e Cidinha trabalham juntas em Sorocaba.

A primeira filha do casal Elza e Romualdo é a Regina Célia, uma anjinha que o céu acolheu aos onze meses de idade. Mora no paraíso com Jesus, a mamãe Elza e os avós, disse Romualdo. Ao contar esse fato, Romualdo, fica em silêncio em prece interior e volta o pensamento no tempo.

O passo seguinte na vida de Elza e Romualdo foi a mudança para Sorocaba. Havia mais oportunidade aos filhos. A família Bizan Zambianco escreveu capítulos de amor ao próximo na Vila Carvalho e em outros bairros da cidade.

Elza e Romualdo foram paroquianos da Igreja de São Benedito, com atividades em prol de casais e pastorais. Uma dedicação e entrega entusiasmada na missão que assumiram.

Há 20 anos, a partida inesperada da Elza, mudaria os rumos da vida do Romualdo. Um momento triste aos seus 64 anos de existência. Nestas duas décadas de separação física, Romualdo mantém a sua ligação de amor espiritual com a esposa.

Leva flores no seu jazigo, faz orações, coloca-a nas suas intenções de missa diária. Na solidão da noite, seus pensamentos são voltados à amada, em suas décadas de convivência. Recorda com carinho do armário que ela abria para pegar a sua toalha, os passeios que faziam na casa dos tios, na Vila Hortência, os almoços no seu lar com a sogra Iolanda e o sogro Fernando.

Durante toda a nossa conversa, Romualdo se emocionou em brilho no olhar ao me contar como amava a sua Elza, como se estivesse revendo ela desde os seus 11 anos ao se apaixonarem. “Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne”, Mt 19.

Ao seu lado, durante a entrevista, a filha Iolanda e o genro, Antônio da Silva Braz, têm outra história bonita na união que eles construíram. Iolanda é mãe de dois filhos, Rafael e Gustavo. Antônio foi casado durante sete anos. Teve uma filha, a Adriana. Ficou viúvo até 2014, quando se casou com a Iolanda.

Eles cantavam no Grupo de Oração da Paróquia de Santo Antônio. A fé e a música os uniu no amor abençoado pelo frei Vilmar no Dia de São Francisco de Assis. Estão casados há sete anos e, com os seus dons, estão a serviço da Comunidade de Nª Sª Aparecida, do Jardim das Estrelas.

Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul