Buscar no Cruzeiro

Buscar

A represa de Itupararanga pede socorro

Artigo escrito por Roque Dias Prestes

29 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Roque Dias Prestes.
Roque Dias Prestes. (Crédito: Divulgação)

Até há poucos anos, ninguém imaginaria que iria chegar uma época na qual o maior manancial da região, a represa de Itupararanga, atingiria o seu nível mais baixo de armazenamento de água de que se tem notícia.

Sua construção foi iniciada no ano de 1909 e foi necessária a mão de obra de cerca de dois mil trabalhadores. Suas turbinas foram levadas através de carroções, puxados por várias juntas de bois, conduzidos pelo lendário Juca Carro, pertencente à tradicional família Campos, de Votorantim. Concluída em 1914, a princípio, forneceu energia elétrica para a cidade de São Paulo. Isto e muito mais, faço narração no meu segundo livro: “Contribuição à História de Votorantim”, edição de 2017.

Muitos anos depois, foi adquirida pela S/A Indústrias Votorantim, para fornecimento de energia elétrica para sua fábrica de alumínio, instalada no Distrito de Votorantim -- depois, município com o mesmo nome, na região metropolitana de Sorocaba.

A represa de Itupararanga tem sido responsável pelo fornecimento de água para vários municípios, principalmente ao seu entorno, como Alumínio, Ibiúna, Mairinque, Piedade, Sorocaba e Votorantim.

Sorocaba, por exemplo tem o abastecimento da sua população -- percentual de 80 por cento do precioso líquido -- captado na represa de Itupararanga.

Já no caso de Votorantim, a Águas de Votorantim, concessionária, sucessora do Serviço Autônomo de Água e Esgotos da cidade, informou recentemente que a água que distribui à população votorantinense é fornecida pela represa do Votocel.

De qualquer forma, esta última represa também armazena o precioso liquido que desce da Serra de São Francisco, logo abaixo do paredão, cujas comportas regulam a saída da água, quando há necessidade de controlar o nível de segurança da represa de Itupararanga.

Ao que se sabe, nunca antes, as autoridades dos municípios anteriormente citados tiveram que se reunir para tratar assuntos referentes à distribuição de água para os seus concidadãos.

Entretanto, recentemente, duas reuniões aconteceram nesta sede de reunião metropolitana, sendo preocupação comum, a redução do nível de armazenamento de água na represa antes citada, o que, segundo consta, já beira 21% da sua capacidade e está muito próximo de chegar ao denominado “volume morto”, águas há muito tempo imexíveis na represa e, em razão da peculiaridade da sua conservação, necessita de tratamento diferenciado, o que provoca custos maiores para os cofres públicos e, por derradeiro, aos contribuintes, os quais são destinatários final.

Por enquanto, as cidades que recebem água da represa de Itupararanga não desejam implantar aos seus habitantes o controle no abastecimento de água, mais conhecido por racionamento ou rodízio.

Todavia, para se evitar esse mal maior, sem dúvida, é preciso que os moradores, em cada residência, se conscientizem da imperiosa necessidade de economizar água, deixando de lavar veículos, calçadas, fechar a torneira enquanto escova os dentes e tomar banhos rápidos. Por sua vez, as donas de casa devem diminuir o uso da máquina de lavar e outros aparelhos domésticos. Assim o fazendo, estarão economizando água e também eletricidade, que hoje custa os olhos da cara.

Essa economia de guerra se faz preciso, porque, infelizmente, as chuvas esperadas para este mês de outubro, já quase no seu final, não foram suficientes para aumentar o nível das represas.

É certo que, tradicionalmente, os próximos meses são tidos como chuvosos. Porém, como a natureza anda bem modificada, não se pode prever como será a precipitação aguardada.

Por esse motivo, a prudência e o bom senso recomendam economizar água. Isto, porque ninguém há de querer suportar o racionamento ou rodízio no fornecimento de água, como vem acontecendo em vários municípios da nossa região.

Conquanto o homem esteja há décadas, planejando viagens interplanetárias, sem esquecer os avanços que a humanidade alcançou em todos os sentidos, não podemos perder de vistas que ainda somos dependentes da boa vontade de São Pedro para abrir as torneiras lá de cima.

Economize água, porque a represa de Itupararanga pede socorro.

Roque Dias Prestes é advogado, escritor, jornalista, professor aposentado e presidente da Academia Votorantinense de Letras, Artes e História.