Buscar no Cruzeiro

Buscar

O perigo das chuvas de verão

Artigo escrito por Mário Sérgio Killian

28 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Mário Sérgio Killian.
Mário Sérgio Killian. (Crédito: Divulgação)

Aproxima-se novamente o período de ocorrência das chuvas de verão, entre os meses finais do ano e dos iniciais do próximo, caracterizado por pancadas de chuva ou precipitação de duração prolongada. Esses eventos podem trazer graves e diversas consequências, tanto as relacionadas aos episódios de inundação e de deslizamento, quanto as que normalmente afetam pessoas gravemente.

É fato que todas as cidades possuem suas peculiaridades decorrentes da urbanização, e que podem potencializar os efeitos dessas ocorrências, seja devido as áreas ocupadas irregularmente, às condições de impermeabilização do solo e modificações das condições naturais. Ainda, pelas condições de manutenção de córregos e sistemas de drenagem urbana, que sofrem com acúmulo de lixo e sujeiras irregularmente descartadas.

Nesta época, a Defesa Civil Estadual oferece oficinas de preparação para a Operação Chuvas de Verão, atualmente na modalidade de ensino a distância (EaD), abrangendo conteúdos teóricos e aulas de vistoria de campo, prioritariamente para os profissionais do Sistema de Proteção e Defesa Civil, com o intuito de proporcionar e divulgar conhecimentos para essa época das chuvas de verão e reduzir os riscos de desastres. Esses conhecimentos são compartilhados com a população, com objetivo de aumentar a percepção dos riscos e fortalecer as comunidades para enfrentamento.

Dentre as principais ocorrências encontram-se as tempestades de verão, que normalmente são acompanhadas por ventos fortes, trovões e raios, além de chuva intensa. As chuvas de granizo podem ocorrer devido a um fenômeno associado à queda brusca da temperatura.

Um efeito danoso da precipitação nesse período são os deslizamentos de solo, que podem ocorrer associados a desabamentos e soterramentos, geralmente em áreas de risco e encostas onde se encontram as construções irregulares. Obras de corte e aterros executadas sem critérios e acompanhamento técnico, mesmo em pequenas construções, desmatamento irregular, lixo despejado ilegalmente, também contribuem muito com o agravamento do problema.

Todos esses contratempos podem ser evitados ou minimizados se houver uma grande mobilização da sociedade, pois são particularidades da temporada de verão, e esses eventos relacionados às chuvas produzem anualmente elevado número de vítimas, chegando a representar, muitas vezes, 60% dos atendimentos da Defesa Civil no Estado de São Paulo, em especial nas áreas mais urbanizadas e de relevo característico.

Os órgãos municipais de proteção e defesa civil, seus parceiros e voluntários que pertencem ao sistema, em que pese as dificuldades de cada localidade, possuem capacidade para atuar nas etapas de prevenção, assim como na mitigação dos danos, desde que contando com a colaboração de toda a sociedade.

O poder público atua preventivamente dentro de suas possibilidades, porém, como os eventos extremos são imprevisíveis e não podem ser evitados, cabe à sociedade se conscientizar, se envolver na promoção e disseminação do conhecimento, por tratar-se de uma demanda coletiva, de elevada complexidade, e cuja solução passa pela consciência de todos, por causar todos os anos milhares de lesões e inúmeras mortes relacionadas às chuvas.

Mário Sérgio Killian é engenheiro civil e de segurança do trabalho e professor da Universidade de Sorocaba (Uniso).