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Saúde

Rim suíno em pessoas

Pesquisadores da USP editam DNA de porcos como forma de transplantar órgão para seres humanos sem riso de rejeição

27 de Outubro de 2021 às 00:01
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Brasileiros se baseiam em procedimento realizado com sucesso nos EUA.
Brasileiros se baseiam em procedimento realizado com sucesso nos EUA. (Crédito: ELZA FIÚZA / AGÊNCIA BRASIL)

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) realizaram edição genética em porcos como parte de estudo que tem como objetivo o xenotransplante -- técnica que permitirá transplantar órgãos e tecidos de suínos para seres humanos. O grupo está em busca de recursos e planejam testes em humanos daqui a dois anos.

No Brasil, o pesquisador do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP, Ernesto Goulart, disse que, neste momento da pesquisa, estão sendo produzidos os primeiros embriões de porcos a partir das células geneticamente modificadas, que são os primeiros experimentos de clonagem deste estudo.

“A primeira etapa para produzir um suíno geneticamente modificado, para que os órgãos desse animais sejam utilizados para transplante em humanos, é a etapa de edição genética. Nós já concluímos essa etapa”, disse. Até agora, nessa primeira etapa, ele explicou que os pesquisadores concluíram a edição do DNA das células de suínos, para que aqueles genes que causam a rejeição aguda fossem inativados.

O objetivo é que, no futuro, quando essas células derem origem a um animal, os órgãos a serem transplantados não causem rejeição no paciente humano. “A gente pega aquela célula que produziu no laboratório, que modificou o genoma, e agora vamos fazer uma técnica de clonagem. A partir daquela célula, eu consigo gerar um embrião que vai se desenvolver [na barriga] do animal e a gente espera que os órgãos sejam então compatíveis com o transplante em humano.”

Ao se mostrarem viáveis no laboratório, os embriões serão transferidos para a barriga de aluguel até o nascimento dos filhotes suínos. “Se tudo der certo, em poucos meses -- de seis a oito -- nós teremos nossos primeiros porquinhos nascendo. A expectativa do nosso grupo é de, em até dois anos, começar os primeiros estudos em humanos, com transplantes em humanos. E, em até cinco anos, há expectativa de iniciar os estudos clínicos [aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa]”, disse Goulart.

O assunto dos xenotransplantes ganhou espaço após divulgação na imprensa de um experimento, realizado nos Estados Unidos, em que um rim suíno foi ligado ao sistema vascular de um paciente humano, mas mantido fora do seu corpo, e não provocou rejeição pelo seu sistema imunológico. O procedimento utilizou um porco cujos genes haviam sido editados para que seus tecidos não causassem rejeição em humanos. (Da Redação, com Agência Brasil)