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Dia do Médico: Vita brevis, ars longa

Artigo escrito por Eduardo Luis Cruells Vieira

24 de Outubro de 2021 às 00:01
O médico ortopedista Eduardo Luis Cruells Vieira: apesar da revolução tecnológica, não é possível prescindir do ser humano.
O médico ortopedista Eduardo Luis Cruells Vieira: apesar da revolução tecnológica, não é possível prescindir do ser humano. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

A medicina, segundo a Organização Mundial da Saúde, refere-se a práticas, abordagens e conhecimentos que incorporam conceitos materiais e mentais, técnicas manuais e exercícios, aplicados individualmente ou combinados, a indivíduos ou coletividades, de maneira a tratar, diagnosticar e prevenir doenças, ou visando ao bem-estar.

Por este conceito, a medicina, mas também todas as profissões da saúde que são correlatas, visam ao bem-estar do ser humano. E o que nos faz humanos? Aquilo que nos diferencia das máquinas: a capacidade de sentir. E dentre elas, a capacidade de sofrer. E o sintoma de dor, talvez seja, dentre os sintomas clínicos, aquele que nos obriga a procurar o médico com mais frequência.

Desde a disciplina que estuda os sinais e sintomas, os médicos aprendem a identificar suas características. Como detetives, somos ensinados a investigá-la e a identificar a razão de existência para poder tratá-la. Para concluir essa investigação, os médicos lançam mão do exame físico e dos diversos exames complementares, que levarão ao diagnóstico, para a partir desse, tratar.

Ao longo dos últimos dois séculos, a medicina evoluiu muito, tanto na identificação das doenças (diagnóstico), como no tratamento. Citaria como exemplos, a descoberta dos raios X, pelo alemão Roetgen, em 1895 (diagnóstico), e a descoberta dos antibióticos (tratamento), a começar pela penicilina, em 1943. Não conseguiríamos imaginar a medicina sem essas duas descobertas exemplares. Mas tantas outras ocorreram neste curto espaço de tempo da história humana, que seria impossível descrever nestas poucas linhas.

Mas, assim como o conhecimento científico se dá em saltos, podemos considerar que os últimos 20 anos, a progressão tornou-se ainda maior com a absorção da tecnologia, especialmente no processamento de dados. A telemedicina, que consiste no atendimento remoto, foi utilizada grandemente durante a pandemia de Covid-19 e já pode ser considerada parte do arsenal médico e terapêutico.

Big data, Inteligência Artificial (IA) e o uso da robótica são exemplos. Big Data consiste em armazenar e processar um denso conjunto de informações de forma simultânea, de maneira a relacioná-las entre si. Inteligência Artificial é a capacidade de absorver dados de forma inteligente de forma a reproduzir habilidades humanas. A IA aprende pela interação com o usuário, faz reconhecimento facial, identifica padrões.

Segundo alguns especialistas, a IA atuaria como o cérebro humano e o Big Data seria o sistema de recepção e armazenamento de todas essas informações, assim como a experiência que vivenciamos.

A robótica se utiliza da IA para, com base em maiores e mais amplas informações, tomar decisões mais exatas do que o próprio homem. Algoritmos de inteligência artificial já são capazes de dar laudos de exames de imagem muito próximos daqueles que são realizados pelo homem. Cirurgias robóticas ajudam a dar maior exatidão a procedimentos cirúrgicos e até permitindo que sejam realizados à distância de milhares de quilômetros.

Mesmo em meio a essa revolução tecnológica, não é possível prescindir do ser humano que nesse caso é o médico e a capacidade humana de tomar suas decisões com base na sua experiência e vivência.

Assim como Hipócrates, o pai da medicina, consideramos que a vida é breve e a arte é longa (vita brevis, ars longa) e o julgamento é difícil. Que o médico deve curar algumas vezes, aliviar quase sempre, consolar sempre, mas para tanto, é preciso ser humano. E nessa tarefa, a máquina não pode substituir o médico.

Por isso, no Dia do Médico (18 de outubro), congratulo-me com todos os médicos e médicas que exercem essa tão maravilhosa profissão.

Eduardo Luis Cruells Vieira é presidente da Sociedade Médica de Sorocaba.