Buscar no Cruzeiro

Buscar

Amor aos livros (físicos)

Artigo escrito por João Alvarenga

22 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: ILUSTRAÇÃO: LUITZ TERRA)

Em artigo, neste jornal, o historiador Leandro Karnal, defendeu a facilidade de se ter uma biblioteca digital no smartphone. Gabou-se de ter dispensado seu acervo pessoal de dez mil exemplares. Alegou: o virtual não ocupa espaço, não junta traças, nem se incendeia. Diante disso, a impressão de livros está com os dias contados? Tal hipótese gera uma angústia aos amantes do livro físico. Só de imaginar que nunca mais tocarão as páginas de um velho livro, muitos entram em pânico.

Tal temor se justifica, porque a obra impressa sintetiza o prazer da boa leitura. Ou seja, há uma brutal diferença em ler um livro virtual e uma obra impressa. A luz do celular ou computador, além de tirar a concentração, provoca estresse e inibe a leitura. Para muitos, caso as edições impressas sumam do mercado, os leitores também desaparecerão. Pior ainda: muitos autores ainda consagrados, em nossos dias, como Machado de Assis ou Clarice Lispector, no futuro, serão ignorados. Afinal, o formato virtual não despertará o interesse das novas gerações, pois não tem atrativos.

Exageros à parte, para o bem ou para o mal, o mundo virtual avança sobre o físico, independente de nossas vontades, pois os interesses das megacorporações falam mais alto. Assim, aos poucos, a profecia de Jean-Luc Lyotard, de 1984, materializa-se: “No futuro, a máquina vai dominar o humano”. Aliás, bem antes disso, o poeta modernista Cassiano Ricardo já antevia: “Máquina, orais por nós”. Ironias à parte, A Inteligência Artificial já causa até desemprego em vários setores e muitas profissões estão ameaçadas. Assim, o que era ficção, agora é realidade (virtual).

Embora a internet encante os mais jovens e até adultos, não se pode afirmar que esse sistema é 100% seguro. O recente apagão virtual, que deixou as redes sociais incomunicáveis por seis horas, é prova cabal disso. Por isso, o sorocabano Adolfo Frioli ama os livros físicos, pois as nuvens estão sujeitas a trovoadas, já que o tempo, também no ambiente virtual, é imprevisível.

(*) João Alvarenga: professor de redação e cronista.