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Jovens da era digital: quando devo me preocupar?

Artigo escrito por Marina Elaine Pereira

20 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Marina Elaine Pereira.
Marina Elaine Pereira. (Crédito: Divulgação)

Imagine a seguinte cena: um adolescente, dentro do seu quarto, trancado, jogando no computador e os pais na sala vendo TV, ou trabalhando.

Essa cena é comum para você?

Sim, essa cena é presenciada diariamente nas casas das famílias. Aos olhos do pai, o filho está ali, a poucos metros de distância...sim, fisicamente de fato, está.
Mas, e virtualmente? Esse filho está ali?

Não é espanto para ninguém que os jovens e até mesmo as crianças dominam a tecnologia melhor que os pais. E vemos cada vez mais um número de jovens trancafiados no quarto, vivendo em uma realidade paralela, virtual, onde são heróis ou vilões.

Não estou dizendo que o acesso deva ser negado, de forma alguma. Mas deve, sim, ser vigiado.

Poucos pais sabem do submundo da internet: a chamada Deep Web ou Dark Web. Se der uma googlada como dizem os jovens, há sites, vídeos, que explicam como entrar nessa internet clandestina.

A “deep web” é o lixo da internet. Por lá, quem navega, encontra estupros ao vivo, venda de drogas, armas, leilão de mulheres.

Sim, existe isso e não tem regulamentação ou impedimento para que se acesse. Aliás, só acessa a “deep web” quem está atrás disso.

O termo ficou mais conhecido no Brasil depois do massacre de Suzano, em que dois jovens invadiram uma escola, mataram oito pessoas e depois se suicidaram. A polícia vê indícios de que os assassinos tenham recebido apoio do Dogolanchan, fórum criado em 2013 e que não requer login para participar.

A “deep web” não pode ser acessada por meio de pesquisas em buscadores, como o Google ou Bing e não é acessada digitando um endereço em um navegador comum (Chrome, Firefox, Edge etc).

Estão na “deep web”, por exemplo, bancos de dados de agências espaciais, processos em tramitação em tribunais, dados de mapas, impostos e documentos em institutos de governo, entre outros conteúdos que não são encontrados em uma simples busca.

Uma outra parte da “deep web” é de conteúdo anônimo, conhecida também como “dark web” (web escura). Para acessá-la, existem programas próprios. O mais popular é chamado Tor.

E como eu sei se meu filho está ou não acessando isso?

É preciso verificar se algum dos programas envolvidos está instalado. Por exemplo: para acessar a rede mais comum, a Tor, é preciso ter o Tor Browser.

Em alguns casos, o programa pode ser identificado com uma pesquisa no menu iniciar do Windows 10 (basta digitar “Tor Browser”). No entanto, é possível esconder a presença do programa.

O fato é preocupante, existe e temos que ficar atentos.

E o que mais causa indignação é que esses assuntos de relevância ficam adormecidos e só retornam à mídia quando acontece alguma tragédia, como foi o caso da escola de Suzano.

Tanto conteúdo inútil é viralizado nas redes sociais, e informações relevantes são “esquecidas”.

Existem empresas de segurança da informação que podem fazer o rastreamento dos acessos desses conteúdos, mesmo que tenham sido eventualmente apagados. Na dúvida, consulte um profissional de tecnologia de informação para manter seu filho seguro e a salvo.

Marina Elaine Pereira é advogada pós-graduada em Direito Constitucional e Direito Tributário e especialista em Compliance. Também é membro da Comissão Estadual de Direito Médico e Saúde da OAB/SP e da Comissão de Direito Médico da Unaccam. Foi ouvidora geral de Sorocaba e secretária municipal de Saúde.