Não se pode falar de educação sem amor.
(Paulo Freyre)

Um de meus orgulhos: ter sido professor. Lecionei do primário ao pós-graduação universitária. Casei-me com professora -- por seu turno, filha e sobrinha de professores -- e provim de família prenhe de mestres. Em diferentes tempos, níveis e lugares exercemos a profissão nos estribando na missão de educar. Meus antepassados alemães e suíços, assim que pagaram seus compromissos com o barão do café que os trouxe para cá, organizaram Sociedade Escolar e construíram salão multifuncional para culto luterano, comemorações ocasionais e ensino diário. Buscaram na Alemanha professor para ensinar descendentes e vizinhança. O importado mestre não se adaptou à vida brasileira e decidiu voltar à Europa. Nikolaus Krähenbühl (irmão de meu bisavô) assumiu a função docente. Levaram anos para conseguir um professor titulado. Curiosidade: Nos registros lavrados no primeiro dia do ano 1879, meu bisavô Hans Steffen doou R200$000 (duzentos mil réis) e os irmãos Samuel (suíço, bisavô materno) e Nikolaus Krähenbühl doaram R150$000 (cento e cinquenta mil réis) cada um para a Sociedade Escolar.

Não quero deixar o Dia do Professor passar em branco neste espaço. Para o jornalista Gilberto Dimenstein “não há nenhuma profissão tão importante para uma sociedade que se proponha a ser civilizada”.

Embora a Unesco recomende o 5 de outubro, as comemorações variam com a geografia. Geralmente referem-se a algum personagem importante para cada país. Nascimento de Confúcio (28/09 -- China e Taiwan), natalício de Comenius, bispo protestante considerado fundador da Didática Moderna (28/03 -- República Tcheca), morte do respeitado professor e político Domingos F. Sarmiento (11/09 -- América Latina). Na Índia refere-se ao aniversário de um professor que chegou a presidente. Quando seus amigos e ex-alunos o procuraram para comemorar seu natalício, dr. Sarvapalli Radhakrishnan respondeu “à ficaria mais orgulhoso se o dia 5 de setembro fosse marcado como o Dia do Professor.‘

No Brasil, a escolha da comemoração reporta-se ao 15 de outubro de 1827, dia da instituição do Ensino Elementar, por Decreto Imperial de D. Pedro I. A referida lei decretada demorou 120 anos para “pegar”. Em 1947, alguns professores do Grupo Escolar Caetano de Campos (SP) resolveram fazer uma parada para congraçamento e planejamento do ano letivo seguinte. Autor da ideia, o professor Salomão Becker cravou, em discurso, a frase-título: Professor é profissão. Educador é missão.

Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naquele cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais (Ruben Alves). É o que se observa na Índia, país de muitos deuses e grande respeito pelos docentes (gurus). Antigo ditado indiano reputa mãe, pai e professor como expressões de Deus. Um aforismo reza “Eu estou com dificuldade para saber a quem devo saudar primeiro: o professor ou o Deus. Escolherei o professor porque ele é um instrumento da sabedoria de meu Deus”.

Na Coreia do Sul, veneração e respeito aos que ajudaram a criar um país evoluído e civilizado. No 15 de maio, professores são geralmente presenteados com cravos por seus alunos e ambos desfrutam de um dia escolar mais curto. Ex-estudantes prestam seus respeitos aos seus antigos mestres visitando-os e oferecendo-lhes presentes. Muitas escolas suspendem as aulas para comemorar a data. O Dia do Educador Vietnamita é 20 de novembro. Naquele dia, estudantes têm o dia livre, mas espera-se que eles visitem seus atuais e antigos professores em seus lares e lhes levem flores para demonstrar consideração.

Nas palavras de Cora Coralina Feliz aquele que transfere o que sabe, e aprende o que ensina com amor e respeito aos mestres,

Feliz Dia do Professor!

Edgard Steffen ([email protected]) é médico, escritor e membro da Academia Sorocabana de Letras (ASL).