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É uma pena, o capitão capitulou

Artigo escrito por Roque Dias Prestes

24 de Setembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Roque Dias Prestes.
Roque Dias Prestes. (Crédito: Divulgação)

O movimento popular, em apoio ao governo Bolsonaro, no Dia da Pátria, conseguiu reunir uma enorme multidão nas várias capitais e principais cidades, em todo o Brasil.

Já a concentração de pessoas, no último domingo seguinte, convocada pelas entidades que fazem oposição a esse governo, não conseguiu levar às praças e logradouros públicos, sequer a metade dos bolsonaristas, nada obstante a Rede Globo tenha procurado dar maior ênfase para esta última manifestação.

Na verdade, a falta de neutralidade que se devia esperar, dessa emissora que se arvora de ser a mais importante do País, remonta desde o início da campanha política, a qual culminou com a eleição de Jair Messias Bolsonaro para o cargo mais importante do serviço público nacional, o de presidente da República.

Bolsonaro nem precisou fazer comício ou apelar para qualquer marqueteiro político. Os eleitores entenderam o seu recado veiculado apenas nas redes sociais. Foi o bastante para vencer aquelas eleições.

Seu método diferente de governar, sem barganhas ou trocas de favores, incomodou ou velhos caciques da política nacional, os quais vêm fazendo de tudo para alijá-lo do poder. Ao que se sabe, nenhum presidente da República anterior suportou tantos pedidos de cassação como os que têm sido protocolados em desfavor de Bolsonaro.

Como era de se esperar, até no Supremo Tribunal Federal, a corte suprema do País, o atual presidente ganhou opositores.

Acredito que ele foi precipitado em divulgar a “Carta ao País”, cujo principal objetivo principal, foi serenar os ânimos. Sem dúvida, se deixasse para fazer isto após a concentração pública de seus opositores, no dia 12 de setembro, os termos poderiam ser outros, tranquilamente.

Todavia, essa aparente “rendição”, pode ter outro significado e talvez mais importante: pode ser apenas uma estratégia inteligente para melhor se fortalecer e depois voltar à carga. No campo de batalha isto pode acontecer para evitar a morte -- em vão -- de muitos combatentes.

Bolsonaro começou bem o seu governo, mas teve um baita azar -- aliás, como os demais chefes de governo em todo o mundo - com a chegada de surpresa, do novo coronavírus, em março de 2019, pandemia que causou a morte de mais de 590 mil brasileiros, provocou o fechamento de empresas de pequeno, médio e grande porte e a estagnação da economia.

Se este governo recebeu por herança a triste soma de mais de 13 milhões de desempregados, por causa da Covid-19, esse número hoje beira um total de quase 15 milhões de pessoas sem oportunidade de trabalho.

É conhecido o brocardo “desgraça é pouca é bobagem”. Por isso, não bastasse a pandemia que enfrentamos, o Brasil está sofrendo a maior crise hídrica dos últimos 90 e um anos.

Enquanto as represas e reservatórios de água têm o nível de armazenamento do precioso líquido, diminuído dia após dia, muitas cidades já implantaram o racionamento na distribuição de água à população. O povo ora pedindo aos céus a formação de nuvens para a volta das chuvas, nunca antes tão necessitadas. O campo sofre com a perda de lavouras e o reflexo maior será na mesa de cada cidadão brasileiro, que já está sentindo o aumento de preço de arroz, do feijão e de outros gêneros de primeira necessidade.

Um alento de que dias melhores virão é a notícia de que vem caindo o número de óbitos pela Covid-19 e de pessoas infectadas, assim como também de internações hospitalares.

A primavera já começou e, se Deus quiser, o período de chuvas logo chegará. Bolsonaro ainda tem um ano e quase quatro meses de governo e se a oposição lhe der tréguas, esta grande locomotiva chamada Brasil, retornará aos trilhos do desenvolvimento, pois o lema do nosso presidente é “Deus acima de tudo e o Brasil acima de todos”.

Não importa a carta divulgada por Bolsonaro. Ele não perdeu apoiadores, enquanto a oposição, continuará fazendo o seu jogo, nem sempre de maneira honesta. Mas, foi uma pena, o capitão capitulou.

Roque Dias Prestes e advogado, escritor, jornalista, professor aposentado e presidente da Academia Votorantinense de Letras, Artes e História.