Crônicas sorocabanas
Cadê o folclore?
Artigo escrito por João Alvarenga
Posso estar enganado, mas o dia 22 de agosto passou em brancas nuvens! Não houve uma única alusão à data. Não sei se as escolas se lembraram disso. Será que o leitor sabe que data é essa? Talvez, os mais antigos se recordem com nostalgia do “Dia Nacional do Folclore”, que outrora era muito festejado; mas, atualmente, não passa de um dia comum.
Mas, o folclore já foi muito valorizado nas escolas, com exposições, danças alegóricas, barraquinhas com artesanato e comidas típicas. Para justificar o breu, muitos alegam que a pandemia inibe tais ações, porque geram aglomerações. Até dá para entender; porém, não é de agora que essa data deixou de ser prioridade na agenda de atividades escolares. Até mesmo as lendas e parlendas sumiram dos livros didáticos. Com isso, poucas crianças conhecem as histórias do “Saci Pererê” e da “Mula sem Cabeça”.
Isso é lamentável, porque os famosos “festivais de folclore” mobilizavam o ambiente escolar em torno da valorização das nossas tradições e quebravam a rotina escolar. No fundo, era uma aula prática multidisciplinar sobre vários conteúdos, transmitida de forma lúdica. Com isso, a participação da comunidade estudantil era intensa.
Porém, não foi apenas o folclore que se tornou desinteressante aos olhos de boa parte dos educadores, outras datas comemorativas, as chamadas “datas cívicas”, também caíram no ostracismo. Assim, poucos reconhecem, de fato, a importância dessas datas. Logo, “21 de Abril”, “7 de Setembro” e “15 de Novembro” não passam de mero feriado, ou seja, um dia a mais de descanso.
Antigamente, sempre havia um ato cívico para marcar respectivas datas, com a apresentação do Hino Nacional, algum aluno declamava uma poesia alusiva à lembrança histórica, seguida de algumas palavras que davam sentido à data. Diante do vazio de agora, algumas perguntas ficam no ar: por que as escolas deixaram de dar uma atenção maior às comemorações cívicas? Não há o risco de nossas tradições se perderem? Como resgatar o civismo? Com a palavra os educadores.
João Alvarenga é professor de Redação e cronista.