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Conjunção da Lua, Vênus e Spica

Artigo escrito por Prof. Paulo Sergio Bretones

09 de Setembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Paulo Sergio Bretones.
Paulo Sergio Bretones. (Crédito: Divulgação)

No início da noite de 9 de setembro, após o pôr do Sol, olhando para o horizonte oeste ou poente, podemos observar no céu um triângulo com a Lua à direita, Vênus acima e a estrela Spica à esquerda. Ainda abaixo, pode ser visto o planeta Mercúrio.

Sendo três dias depois da Lua Nova, ocorrida no dia 6, a Lua será vista como uma fatia com cerca de 10% da sua superfície iluminada, mas ainda um pouco visível a outra parte, sendo um espetáculo.

Vênus estará muito brilhante e juntamente com Spica pode chamar muito a atenção das pessoas para fazem fotografias.

A Lua, cerca de três vezes e meia menor que a Terra estará a “apenas” 370 mil quilômetros de distância. Vênus, com um tamanho aproximado ao da Terra, a 157 milhões de quilômetros de nós.

Nas noites seguintes, Vênus se distanciará de Spica e a Lua seguirá sua trajetória estando na noite do dia 12 próxima à estrela Antares, da Constelação do Escorpião; nas noites de 16 e 17, próxima a Saturno e Júpiter; dia 20 é Lua Cheia.

Spica, a mais brilhante, alfa da constelação da Virgem é a 16ª mais brilhante do céu. Está a uma distância de 260 anos-luz. Sendo uma dupla, a maior delas é 7,5 vezes maior que o Sol, com uma temperatura superficial de 20.000 K e de cor branco-azulada. Na bandeira do Brasil, as estrelas representam os Estados e o Distrito Federal. A estrela Spica é aquela que está acima da faixa “Ordem e Progresso” e representa o Estado do Pará que, no ano de 1889, na proclamação da República, tinha o maior território acima do Equador.

A constelação da Virgem representa na mitologia uma jovem segurando uma espiga de trigo, por isto o nome da estrela Spica ou Espiga. Por ser visível nas noites do início da primavera do hemisfério norte, estava associada à agricultura e promessa de boas colheitas. Chamada Astreia pelos gregos a Virgem era a deusa da Justiça. Segundo a mitologia, a constelação ao seu lado, Libra ou Balança, media a justiça dos homens ou almas, assim como a duração do dia e da noite. Astreia protegia a humanidade e simbolizava a pureza e a inocência. Conta-se que, insatisfeita com a ganância dos seres humanos, injustiças e perversidades, deixou a Terra para não presenciar as aflições e sofrimentos e retornou ao céu.

Será que a justiça não é mesmo uma coisa possível pelo que temos visto no mundo e em nosso País? Acredito que é melhor não perdermos as esperanças.

As conjunções da Lua com planetas e estrelas brilhantes são espetaculares pela sua beleza. Esses fenômenos também sempre chamam a atenção e despertam a curiosidade sobre seus movimentos, brilhos, distâncias e tamanhos.

Além da importância de conteúdos específicos para incentivar estudos na área de Ciências, pode-se incentivar a interdisciplinaridade unindo arte, ciência e cultura para levar à reflexão.

A abordagem interdisciplinar na educação é um dos caminhos mais importantes e ainda pouco abordados considerando a Astronomia.

A contemplação do céu e a beleza do firmamento nos permite refletir sobre conteúdos das mais variadas formas e não apenas pelos seus significados, mas considerando o sentido para cada um de nós. E nos faz pensar: Qual, o propósito de vermos o céu? Estudarmos, pensarmos na vida e fazermos um mundo melhor?

Paulo Sergio Bretones é professor do Departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).