Minhas experiências de viagens místicas
Artigo escrito por Vanderlei Testa
Amanhã, dia 8 de setembro, é o Dia da Natividade (nascimento) de Maria, mãe de Jesus. Vou contar algumas das minhas experiências de peregrinações místicas aos santuários marianos. Quando jovem a minha referência mariana era o Santuário Nacional de Nª. Sª. Aparecida. Apesar de estar no Estado de São Paulo, a cerca de 300 km de Sorocaba, só fui conhecer esse santuário aos 30 anos de idade. Sabia pela divulgação da imprensa e relatos em família, como tinha surgido a aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida. A visita, em 1717, de dom Pedro de Almeida Portugal e Vasconcelos ao vilarejo ao lado do rio Paraíba fez com que houvesse uma pescaria para a recepção ao visitante. Domingos Alves Garcia, seu filho, João Alves, e Felipe Pedroso foram os pescadores escolhidos para lançarem as suas redes no rio. A pesca precisava acontecer, mas nada de peixes naquele dia. Somente surgiu um corpo de pequena imagem na rede. Em seguida encontram uma cabeça. Formava aí a figura que reverenciamos de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
A população ribeirinha testemunhava a história e acrescentava, depois do encontro milagroso das partes do corpo da imagem, a posterior pesca com muitos peixes. O início de uma capelinha, o surgimento da devoção foi surgindo com o tempo. Relatos de graças e milagres eram acrescidos no transcorrer dos anos, até o início da capela dedicada a ela. Foi na Basílica velha que tomei meu primeiro contato com a imagem da padroeira do Brasil. Carreguei-a nos braços em uma cerimônia oficial em que fui convidado a levá-la até o altar. Estava começando o 1º Encontro Nacional de Comunicadores promovido pela Secretaria Geral da Renovação Carismática Católica no Brasil. Hoje participo de celebrações, peregrinações e retiros no atual Santuário Nacional.
O segundo Santuário que conheci foi o de Nossa Senhora de Lourdes, na França. Em 2006 iria acontecer o 10º Encontro Internacional das ENS, com sete mil pessoas. Juntando as economias, fiz a minha inscrição e viagem. Um sonho realizado. Uma semana inteira em Lourdes “bebendo” da água abençoada desse lugar de orações, curas e bênçãos. Junto com outros amigos de Sorocaba, partimos felizes para aquela região dos pireneus franceses. Outra providência divina aconteceu. Um dos dirigentes da organização brasileira tinha necessidade de um estandarte para representar o Brasil na cerimônia de abertura desse evento. Mais de 60 países seriam representados. Apresentei um projeto de um estandarte com a bandeira do Brasil e Nossa Senhora Aparecida. Entre as propostas recebidas pelos dirigentes, esse foi o escolhido. Tive o privilégio de estar lá no momento da entrada do estandarte no Encontro Internacional. Confesso que o coração disparou de emoção.
Desse encontro em Lourdes pontuarei algumas das maravilhas que presenciei. O banho aos peregrinos em uma ala do santuário com a água milagrosa é místico. Quem já leu sobre isso ou esteve lá, fica perplexo em conhecer essa realidade da água de Lourdes. Eu trouxe duas vasilhas de um litro cada, com a água abençoada. Vejam que foi em 2006. Estamos em setembro de 2021. Já se passaram 15 anos. A água continua intacta, sem evaporar na vasilha de plástico. Outra impactante experiência mística é a participação na procissão das velas. Uma imensidão de 10 mil pessoas segurando suas velas em caminhada com Nossa Senhora no anoitecer. Impossível conter lágrimas naquela energia santificante que emana da sua luminosidade. A gruta de Lourdes é indescritível. Quem não conhece e deseja ver a imagem 24 horas por dia, basta acessar uma câmera ao vivo em frente à Gruta de Massabielli que transmite pelo canal YouTube. Converso com Maria em um diálogo amigo de corações. O caminho da via sacra no rio Gave, a gruta original e a Basílica antiga, com peregrinos em macas, cadeiras de rodas e muletas, impressionam pela fé. Todos em oração à Virgem Maria pedindo a sua intercessão.
O terceiro Santuário que conheci foi o de Nossa Senhora de Fátima, Portugal. Mais uma graça que surgiu em 2018. Uma semana na cidade de Fátima. Mais de oito mil peregrinos no 11º Encontro Internacional. Outro sonho realizado como casal participante há 40 anos nas Equipes de Nossa Senhora. Doze horas de avião até Lisboa. Mais uma hora de ônibus para chegar ao santuário. Desde as aparições aos três pastorinhos, os três segredos de Fátima movimentaram a atenção do mundo. Dois segredos foram revelados. Na passagem do segundo para o terceiro milênio, o papa João Paulo II decidiu tornar público o texto da terceira parte do chamado segredo de Fátima.
Logo no primeiro dia da minha estada em Fátima, fui conhecer o local da aparição chamado Cova da Iria. Hoje reconstruída com capelinha, nos insere em uma mística experiência de fé. Ao olhar para o lado direito da capela, surge o maravilhoso santuário no alto das escadarias. Do outro lado, vislumbramos a grande cruz em frente ao novo Santuário de Fátima. No pátio, a multidão se reúne nas procissões de velas à noite. No entorno da cidade há o Caminho de Valinhos. Uma via sacra leva os peregrinos até o local da primeira aparição de Nossa Senhora. A vila onde moravam os três pastorinhos com suas famílias permanece para visitas. Mesmo tendo sido no começo do século, em 1917, esse lugar continua transmitindo a mesma espiritualidade. Nos casebres preservados dos pais de Jacinta, Francisco e Lúcia, encontramos as réplicas dos objetos e camas usadas por eles. Depois de horas vivendo as emoções da via sacra, tive contato com uma prima da vidente Lúcia, de aproximadamente 100 anos de idade. Com um Rosário nas mãos, Maria das Graças teve a gentileza de conversar sobre a sua família e as aparições.
Há muitos nomes dedicados à Virgem Maria nos locais de suas aparições. E centenas de milhões de pessoas, na prece da Ave Maria, enaltecem a Mãe, a cheia de graças e bendita entre as mulheres. Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus que nasceu em Belém.
Vanderlei Testa é jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul. Contato: [email protected]