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Dr. Heitor Avino, um exemplo de bondade e dedicação

Artigo escrito por Jesus Rodrigues Filho

17 de Agosto de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Jesus Rodrigues Filho.
Jesus Rodrigues Filho. (Crédito: Divulgação)

O dr. Avino é uma das queridas lembranças do nosso povo que, do mais rico ao mais humilde, guarda na memória a sua bondade e sua dedicação ao próximo.

Iniciou o seu trabalho em Votorantim contratado pela fábrica. Deveria prestar assistência médica aos operários, tarefa gigantesca pois a indústria possuía na época grande número de empregados. E nisso, o dr. Avino foi incansável. Estava sempre disposto a servir ao seu semelhante, sem cobrar a consulta na maioria das vezes.

A epidemia de tifo que se abateu sobre Votorantim depois da grande enchente de 1929 foi, talvez, a maior luta que ele teve de enfrentar. Quando o tifo parecia ser mais forte que ele, o dr. Avino se esforçava, prestando constante assistência aos doentes, percorrendo, para isto, longas distâncias a cavalo ou a pé.

Contam os mais velhos que ele chegava a chorar quando sabia de uma família inteira que fora atingida pela doença. Muitos morriam antes que ele chegasse lá.

Quando chegaram as vacinas, o dr. Avino iniciou a vacinação, mas defrontou-se com outro problema: o medo do povo. Os menos esclarecidos se escondiam, pois, a seringa assustava. E os medrosos preferiam o tifo e a morte à vacina. O dr. Avino teve que fazer um trabalho de convencimento das pessoas para poder salvá-las.

Votorantim, no tempo do dr. Avino, era apenas uma vila operária. Ele morava na Barra Funda, numa casa comum, igual à de qualquer operário. Contratado pela fábrica, ele se considerava igual aos demais. Por isso Avino não cobrava suas consultas. Caso a família que o chamava não tivesse maiores recursos, cobrava um preço simbólico, apenas para não ferir o seu amor-próprio.

Participava da pobreza de todos e convivia com ela. Se nascia uma criança muito pobre, ele até comprava o enxoval.

Esteve presente em todas as fases da vida das pessoas, da infância à idade adulta. Ele sozinho supria a falta de uma entidade assistencial. E sua presença confortava os sofredores.

Prestou concurso para o posto de saúde de Sorocaba e, dentre os médicos que concorriam a essa vaga, conseguiu o primeiro lugar. Isto, porém, não o levou a interromper os cuidados que dedicava a sua comunidade. Viveu para o povo e morreu pobre, mas nos deixou o exemplo e a certeza de ter passado a vida inteira contribuindo para o bem da humanidade.

Para perpetuar sua memória, modelo de integridade, de desprendimento e de amor aos semelhantes, Votorantim rendeu-lhe homenagem oficial, dando seu nome a uma rua no bairro da Chave e a uma linda praça, que hoje circunda o Centro da Saúde.

O dr. Heitor Avino honrou e dignificou a medicina. Faleceu em 1957, aos 56 anos de idade.

Jesus Rodrigues Filho é professor.