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Crônicas sorocabanas

Urbanidade verde

Artigo escrito por João Alvarenga

16 de Julho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: ILUSTRAÇÃO: LUITZ TERRA)

Ironicamente, no poema “Montes Claros”, Drummond, referindo-se ao crescimento desmedido de uma cidadezinha mineira, associa o progresso ao surgimento de inúmeros problemas socioambientais que afligem a maioria das cidades brasileiras. Ironias à parte, Sorocaba não fica fora desse processo, pois o sorocabano sente na pele os efeitos da redução do cinturão verde do município, afinal o concreto se impõe.

Por outro lado, muitas árvores são vítimas da intolerância de vizinhos que, por se incomodarem com suas folhas, fazem podas radicais que levam as indefesas criaturas à morte. Há casos extremos em que jogam óleo quente no tronco para exterminá-las.

Assim, a qualidade do ar fica horrível, em especial, neste período, pois a estiagem reduz sua a umidade. Para piorar o clima, muitos mantêm o hábito de incendiar terrenos baldios, com a desculpa de reduzir o mato. Com isso, as crianças e jovens têm seus casos de doenças respiratórias agravados pelo mau tempo. É dramática a situação de quem sofre de asma, bronquite e renite, pois enfrentam as agruras da poluição, já que a emissão de fumaças tóxicas dos veículos piora o quadro clínico desses pacientes.

Todavia, nem tudo é drama nessa ópera, já que notícias recentes dão conta de que Sorocaba subiu para 11º lugar no ranking ambiental paulista do Programa “Verde Azul”, com quase 100 pontos. Com isso, a cidade está em 1º lugar entre os municípios com mais de 500 mil habitantes. Ou seja, ações públicas estimulam, por meio da distribuição de mudas, o plantio de árvores, para ampliar a presença do verde na urbanidade. Embora poucos saibam, o Artigo 46, da Lei Orgânica autoriza o desconto de 5% no IPTU “para os proprietários dos imóveis que manterem suas calçadas arborizadas”.

De certo modo, essas medidas são louváveis, mas ainda representam pouco diante do drama da seca que avança sobre a região sudeste, em que os reservatórios sentem o impacto da falta de chuva. As árvores podem atenuar esse quadro.

(*) João Alvarenga: professor de Redação e cronista.