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Conjunção entre Vênus e Marte

Artigo escrito por Profº. Paulo Sergio Bretones

09 de Julho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Paulo Sergio Bretones.
Paulo Sergio Bretones. (Crédito: Divulgação)

No início das próximas noites podemos observar os planetas Vênus e Marte muito próximos no céu.

No dia 12 de julho, o Sol se põe às 17h36, pelo horário de São Paulo. Às 18h já podemos observar Vênus, bem brilhante, no começo da noite na direção do oeste ou poente. Depois, à medida que vai escurecendo, podemos observar Marte pouco acima e à esquerda, mais acima a estrela Régulus, a Lua à direita e entre os planetas e a estrela.

Se possível é melhor procurarmos locais altos e sem poluição luminosa, pois os planetas se põem por volta de 19h40.

As conjunções observadas entre planetas, Lua e estrelas são ótimas oportunidades para entendermos seus movimentos, brilhos, tamanhos e distâncias.

No início da noite seguinte, Vênus e Marte estarão mais próximos no céu. A Lua estará mais alta, acima de Régulus e nas noites seguintes, seguindo sua trajetória no céu, na fase de Quarto Crescente, no dia 17, e na Lua Cheia, no dia 24 de julho.

Acompanhando o movimento dos planetas nas noites seguintes, pode-se notar no início da noite de 22 de julho, Vênus, e, dia 29, Marte à direita de Régulus.

A conjunção não significa que Vênus e Marte estejam mais próximos ente si fisicamente, mas é como vemos daqui da Terra, se notarmos pelas posições nas suas órbitas.

Vênus é muito brilhante e conhecido como estrela vespertina ou estrela matutina, tem o tamanho quase igual ao da Terra e está “próximo” daqui, a cerca de 215 milhões de quilômetros. Marte, chamado de planeta vermelho, tem quase a metade do diâmetro da Terra e está a cerca de 372 milhões de quilômetros. Observando com um pequeno telescópio, podemos notar que a imagem de Vênus está três vezes maior que Marte.

Importante notar que Régulus, a estrela Alfa da constelação do Leão, vista com uma coloração branco-azulada, é um sistema quadruplo de estrelas, a maior delas cerca de quatro vezes maior que o Sol, em diâmetro, e a 77 anos-luz de distância.

A partir das 21h também podem ser observados Júpiter e Saturno pelos lados do horizonte do nascente e vão tomando altura ao longo da noite. No dia 24 teremos a conjunção da Lua e Saturno e 26 de julho Lua e Júpiter. Observando um pouco mais o céu podem ser vistas as constelações do Cruzeiro do Sul, Escorpião e muitas outras.

A constelação do Leão é facilmente identificada e mapas celestes são disponíveis em softwares gratuitos como o Stellarium, o site heavens-above, ou o aplicativo SkyMap. A observação dos astros pode incentivar estudos junto a professores, estudantes e interessados. Particularmente para as crianças, a experiência sensorial é fundamental para entender a natureza. Esperamos que o céu não esteja nublado para obtermos lindas fotos na ocasião.

Além disso, mitologia e arte incentivam a educação e a cultura. Sobre a constelação do Leão, caído da Lua, foi para o vale de Nemeia e estava devorando seus habitantes e viajantes. Ninguém conseguia matá-lo, pois tinha uma pele impenetrável. Então o herói Hércules, no primeiro dos seus 12 trabalhos, o estrangulou e matou e depois se vestiu com a pele do leão para se proteger.

Sobre a origem dos nomes dos planetas, Vênus foi associado à deusa do amor e da beleza por ser o mais brilhante de todos, e Marte ao deus da guerra, pela sua coloração avermelhada.

Vênus e Marte estão juntos no quadro de Botticelli, na escultura de Canova e até com seu filho Cupido nos quadros de Guercino e Veronese. Como exemplos de música temos “Venus and Mars”, dos Wings, com Paul McCartney, ou “Vênus e Marte”, de Erasmo Carlos. Vale mencionar o livro “Homens são de Marte, mulheres são de Vênus”, do psicólogo John Gray, que aborda as diferenças de personalidade e relacionamento afetivo de casais. E também o filme “Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou” com a preciosa participação de Paulo Gustavo, Mônica Martelli e outros.

De alguma maneira, é de extrema importância a interdisciplinaridade unindo ciência e arte. Além de conhecer a natureza e a formação sobre conteúdos específicos, unir diferentes áreas do conhecimento pode ser muito útil para a educação, tendo em vista a diversidade de interesses de cada um de nós.

Paulo Sergio Bretones é professor do Departamento de Metodologia de Ensino/UFSCar.