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Sequelas da Covid

Artigo escrito por Mário Eugênio Saturno

01 de Julho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Mário Eugênio Saturno.
Mário Eugênio Saturno. (Crédito: Divulgação)

O senador governista do sul Luis Carlos Heinze (PP/RS) simboliza o negacionismo que precisa ser estudado, entendido e tornado alvo para professores de Ciências, pois seu negacionismo insciente é revelado também pelo desconhecimento das línguas Inglesa e Francesa, o que o torna alvo fácil de vendedores de ilusão e de charope cura-tudo. Para ele, 16 milhões de curados é até mais importante do que 500 mil mortos, não por maldade, mas por destino. Se o senador soubesse que esses curados não estão curados, quem sabe mudasse de opinião. É o que revela uma pesquisa publicada na Revista Nature: “The four most urgent questions about long Covid”.

Pois é, as pessoas saram da Covid-19, alguma até sem sentir e saber, mas ficam com sequelas que estão sendo chamadas de Covid longa, ou seja é um distúrbio de longa duração que surge após a infecção pelo SARS-CoV-2. E várias pesquisas com milhares de pessoas já revelaram uma extensa lista de sintomas, como fadiga, tosse seca, falta de ar, dores de cabeça e musculares.

Uma equipe liderada por Athena Akrami, neurocientista da University College London, encontrou 205 sintomas em um estudo com mais de 3.500 pessoas (Characterizing Long Covid in an International Cohort: 7 Months of Symptoms and Their Impact). No sexto mês, os sintomas mais comuns eram fadiga, mal-estar pós-esforço e disfunção cognitiva. Esses sintomas variam e as pessoas frequentemente passam por fases de recaída.

Nos primeiros meses da pandemia, a ideia de que o vírus poderia causar uma condição crônica foi esquecida na luta desesperada para lidar com casos agudos. Em maio de 2020, a discussão começou em um grupo no Facebook para pessoas com Covid longa. Hoje, ela tem mais de 40 mil membros e trabalha com grupos de pesquisa que estudam a doença.

Em janeiro, a Organização Mundial da Saúde revisou suas diretrizes para o tratamento da Covid-19 para incluir uma recomendação de que todos os pacientes deveriam ter acesso a cuidados de acompanhamento em caso de Covid longa.

As agências de financiamento também estão prestando atenção. Em 23 de fevereiro, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) anunciou que gastaria US$ 1,15 bilhão em pesquisas sobre Covid longa, ao qual se refere como sequela pós-aguda de Covid-19 (PASC). No Reino Unido, o National Institute for Health Research (NIHR) anunciou £ 38,5 milhões.

A maioria dos primeiros estudos de prevalência analisou apenas pessoas que haviam sido hospitalizadas com Covid-19 aguda. Ani Nalbandian, cardiologista da Columbia University Irving Medical Center, em Nova York, e seus colegas reuniram nove desses estudos para uma revisão publicada em 22 de março (Post-acute Covid-19 syndrome). Eles descobriram que entre 32,6% e 87,4% dos pacientes relataram pelo menos um sintoma que persiste após vários meses.

O UK Office of National Statistics (ONS) acompanha mais de 20 mil britânicos com teste positivo desde abril de 2020. Publicadas em 1º de abril (Prevalence of ongoing symptoms following coronavirus -- Covid-19 -- infection in the UK), o ONS descobriu que 13,7% ainda relatavam sintomas após pelo menos 12 semanas, entre muitas outras coisas.

Mário Eugênio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e congregado mariano.