Buscar no Cruzeiro

Buscar

Crônicas sorocabanas

Causa animal

Artigo escrito por João Alvarenga

21 de Maio de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Ilustração.
Ilustração. (Crédito: LUITZ TERRA)

leitores, no momento em que ativistas do planeta clamam pelo fim dos maltratados aos animais, ventila na Câmara de Municipal um projeto de lei que visa permitir o retorno dos rodeios. Sabemos das nossas origens tropeiras; mas, isso não significa que devemos manter certos costumes que, no passado, por ausência de esclarecimentos, eram aceitos; mas que, em pleno século 21, perderam completamente o sentido.

Até porque, os eventos dessa natureza, importados do Texas, não comungam com o tropeirismo. Até onde se sabe, as “Feiras de Muares” eram atividades de compra e venda de animais trazidos dos pampas gaúchos. Ou seja: não há registros de que houvesse algo semelhante ao modelo texano. Assim, além de contrariar o senso comum, tal iniciativa esbarra em leis já existentes que tratam da causa.

Haja vista o artigo 4º, da Lei Federal 10.509/2002, que proíbe práticas danosas à integridade física de indefesas criaturas. A lei 2086/11 tolhe perseguições seguidas de laçadas e derrubadas de animais em rodeios ou eventos similares. A Capital e, algumas cidades do interior, entre elas, Itapetininga e Mauá, seguem na mesma trilha. E, mais, recentemente, o Presidente Jair Bolsonaro, endossou essa luta, ao sancionar a lei “1095/19”, que aumenta a punição a tais práticas.

Pelo visto, legislação sobre o assunto é o que não falta, inclusive, as que tentam conciliar a referida atração, enraizada por aqui, com a ideia do “politicamente correto”. Traduzindo: libera, desde que o animal não sofra. Aliás, esse é um dos argumentos do vereador Rodrigo Aith, autor da matéria, além de sustentar a tese de que a “festa do peão”, não só gera empregos, como garante lucro ao município.

Destarte: não se pode negar que há carências de trabalho; mas, há outros meios menos polêmicos de girar a economia sorocabana. Incrementar o turismo rural é uma boa alternativa, pois evita danos às espécies e propicia conhecimentos sobre a vida campesina. Se os vereadores forem por essa clareira, os animais agradecem.

(*) João Alvarenga professor de redação e cronista.