Crônicas sorocabanas
Causa animal
Artigo escrito por João Alvarenga
leitores, no momento em que ativistas do planeta clamam pelo fim dos maltratados aos animais, ventila na Câmara de Municipal um projeto de lei que visa permitir o retorno dos rodeios. Sabemos das nossas origens tropeiras; mas, isso não significa que devemos manter certos costumes que, no passado, por ausência de esclarecimentos, eram aceitos; mas que, em pleno século 21, perderam completamente o sentido.
Até porque, os eventos dessa natureza, importados do Texas, não comungam com o tropeirismo. Até onde se sabe, as “Feiras de Muares” eram atividades de compra e venda de animais trazidos dos pampas gaúchos. Ou seja: não há registros de que houvesse algo semelhante ao modelo texano. Assim, além de contrariar o senso comum, tal iniciativa esbarra em leis já existentes que tratam da causa.
Haja vista o artigo 4º, da Lei Federal 10.509/2002, que proíbe práticas danosas à integridade física de indefesas criaturas. A lei 2086/11 tolhe perseguições seguidas de laçadas e derrubadas de animais em rodeios ou eventos similares. A Capital e, algumas cidades do interior, entre elas, Itapetininga e Mauá, seguem na mesma trilha. E, mais, recentemente, o Presidente Jair Bolsonaro, endossou essa luta, ao sancionar a lei “1095/19”, que aumenta a punição a tais práticas.
Pelo visto, legislação sobre o assunto é o que não falta, inclusive, as que tentam conciliar a referida atração, enraizada por aqui, com a ideia do “politicamente correto”. Traduzindo: libera, desde que o animal não sofra. Aliás, esse é um dos argumentos do vereador Rodrigo Aith, autor da matéria, além de sustentar a tese de que a “festa do peão”, não só gera empregos, como garante lucro ao município.
Destarte: não se pode negar que há carências de trabalho; mas, há outros meios menos polêmicos de girar a economia sorocabana. Incrementar o turismo rural é uma boa alternativa, pois evita danos às espécies e propicia conhecimentos sobre a vida campesina. Se os vereadores forem por essa clareira, os animais agradecem.
(*) João Alvarenga professor de redação e cronista.