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O Fusca, ícone da VW celebra 60 anos de produção no Brasil

24 de Janeiro de 2019 às 09:30

Linha de montagem da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, em 1959. Crédito da foto: Divulgação

O primeiro Volkswagen Sedan, que passou para a memória afetiva dos brasileiros como o Fusca, deixou a linha de produção na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, no dia 3 de janeiro de 1959. O carro já era conhecido no Brasil, pois chegaram ao Brasil a partir de 1950 onde eram montados com os componentes importados.

Desde o princípio, o modelo fora dos padrões da época, com motor traseiro e refrigerado a ar, baixo consumo de combustível, começou a conquistar admiradores que o levariam a dominar o mercado nas décadas seguintes. Os primeiros Fuscas brasileiros tinham motor traseiro boxer (cilindros contrapostos) de 1.192 cm3, potência de 36 cv, câmbio de quatro marchas e atingiam a velocidade máxima de 110 km/h.

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No início, em 1959, os anúncios do Fusca reforçavam as suas capacidades técnicas e únicas no mercado. “Valente nas subidas: Volkswagen vence rampas de até 37% de aclives”. Outra propaganda dizia: “Incansável, Volkswagen pode manter velocidade constante de 110 km/h... por muitas horas, sem nunca ferver”.

Economia também era o forte do Fusca: “Econômico, Volkswagen faz 13 km com apenas 1 litro de gasolina”. O Fusca também se valia da simplicidade do motor com refrigeração a ar para provocar os concorrentes nas propagandas. “Compre o carro que tem só 4 coisas que enchem” (na imagem, apenas quatro pneus, sem a carroceria). Na época, os concorrentes tinham motores com refrigeração líquida e necessidade de encher o reservatório.

O Fusca "Fafá", com as lanternas traseiras maiores. Crédito da foto: Divulgação

De Fafá a Itamar

O sucesso do Fusca foi tamanho que o modelo ganhou nomes diferentes em mais de 40 países, quase sempre relacionados ao formato de “besouro”, além do som característico do motor traseiro boxer. Entre eles, os mais conhecidos são Beetle (Inglaterra e Estados Unidos), Käfer (Alemanha), Maggiolino (Itália), Vocho (México), Coccinelle (França), Escarabajo (Espanha) e Bug (Estados Unidos).

No Brasil, curiosamente, o modelo não foi comparado a um “besouro”. O Volkswagen Sedan ganhou oficialmente o nome “Fusca” em 1983. E não escapou de apelidos como Fuca, Fuqui ou Fusquinha, em diferentes partes do Brasil.

O Fusca "Itamar" fabricado de 1993 a 1996. Crédito da foto: Divulgação

As mudanças visuais e mecânicas também renderam apelidos, como Fafá (em referência à cantora Fafá de Belém, pelas lanternas traseiras maiores) e Fuscão (para designar o Fusca 1.500, de 1970). Teve até Super Fuscão, com motor de 1.600 cm3. Até 1983, o nome comercial do modelo era Volkswagen Sedan.

Por 24 anos, o Fusca foi o modelo mais vendido do Brasil e o mais conhecido na linha Volkswagen. Por muitos anos, ele teve a companhia da Kombi, do Karmann-Guia, do SP2, do “Zé do Caixão”, da Brasília, do Passat... Mas nenhum fazia tanto sucesso com os clientes quanto o Fusca.

De janeiro a dezembro de 1959 foram emplacadas 8.406 unidades do Fusca produzidas na fábrica Anchieta, um número muito superior aos 2.268 carros vendidos de 1953 a 1957, quando o Fusca vinha da Alemanha para ser montado no bairro do Ipiranga, em São Paulo. E não demorou para o carro conquistar o Brasil. A partir de 1962, o Fusca já era líder de vendas do mercado brasileiro.

O Volkswagen Sedan de 1959 fabricado no Brasil. Crédito da foto: Divulgação

Em julho de 1967, a empresa já comemorava 500 mil unidades produzidas no País. Em julho de 1970, chegava ao seu “primeiro milhão”, naquela época então sob o comando de Rudolf Leiding. Três anos depois, Wolfgang Sauer assumiu a presidência da Volkswagen do Brasil, consolidando a liderança do Fusca no mercado interno e expandindo as exportações para mais de 60 países, incluindo o Iraque.

O auge do Fusca no Brasil foi entre 1972 e 1974. Em 1972, foram comercializadas 223.453 unidades no mercado interno, mais 6.142 exportadas. Em 1974, o recorde: 237.323 unidades produzidas, incluindo exportações. Até hoje, só o Gol conseguiu superar o Fusca em histórico de vendas totais, em 2011.

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O modelo parou de ser produzido em 1986, especialmente pelo fato de ser um projeto de chassi e carroceria, que dificultava o desenvolvimento de veículos em “família”. Nessa época, a “família BX” (que utilizava monobloco) já estava fazendo enorme sucesso com Gol, Voyage, Parati e Saveiro.

O retorno da fabricação foi em 1993, sete anos após sua paralisação. A pedido do então presidente da República, Itamar Franco, o carro voltou a ser produzido, em uma versão movida exclusivamente a etanol, e parou de ser fabricado em 1996. Daí surgiu outro apelido: “Fusca Itamar”. Internacionalmente, o Fusca continuou a ser fabricado no México onde é conhecido como ‘Vocho‘ até julho de 2003.

O Beetle versão estilizada do Fusca está prestes a sair de linha. Crédito da foto: Friso Gentsch / Volkswagen

Com mais de 21 milhões de unidades produzidas em todo mundo, o Fusca tornou-se um ícone, amado por milhões de pessoas e com formas reconhecidas em todos os lugares. A marca também anunciou que irá descontinuar a fabricação do Beetle, modelo inspirado no “besouro” com estilo moderno. Para homenagear os fãs do carro nos Estados Unidos, a Volkswagen prepara uma despedida à altura. O Beetle vai ganhar a versão “Final Edition”, com carroceria cupê e Cabriolet (conversível), apresentada no Salão de Los Angeles, no fim de 2018. (Da Redação, com informações do fabricante)