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Educação

Manga manda recolher livro infantil 'Deus me Livre!' de pré-escolas

Prefeito destacou que não é a primeira vez que determina a retirada de livros inadequados das escolas; vídeo

17 de Maio de 2022 às 00:01
Wilma Antunes [email protected]
O prefeito falou sobre o assunto em um vídeo e citou os trechos que acredita ser inapropriado às crianças.
O prefeito falou sobre o assunto em um vídeo e citou os trechos que acredita ser inapropriado às crianças. (Crédito: REPRODUÇÃO)

O prefeito de Sorocaba Rodrigo Manga (Republicanos) determinou, nesta segunda-feira (16), o recolhimento imediato do livro “Deus me Livre!” nas unidades de educação da rede municipal de ensino. Segundo o chefe do Executivo, o conteúdo do material não é apropriado para crianças. Ele também destacou que esta não a primeira vez em que itens com “teores pornográficos” tiveram que ser retirados de circulação das escolas. Ainda ontem, Manga postou um vídeo em suas redes sociais falando sobre o caso. Nos comentários da publicação, munícipes, pais de alunos e professores manifestaram suas opiniões diante da situação. Assista ao vídeo na fanpage do jornal Cruzeiro do Sul no Facebook.

O livro retirado das unidades educacionais é da autora carioca Rosa Amanda Strausz e traz Deus como um personagem que aborda temas como o ciclo da vida. O prefeito disse que o material chegou até ele por meio de um secretário. “Hoje, nos deparamos com mais um livro, que uma criança levou para casa e que estava nas creches, também adquirido em gestões anteriores. Parece um livro muito bonitinho, só que a história não é para crianças, ainda mais aquelas de 5 anos”. O conteúdo causador da indignação é uma explicação “inadequada”, segundo Manga, sobre o sistema reprodutor humano.

Durante o vídeo, o prefeito citou os trechos que acredita ser inapropriado às crianças. No texto, a autora se refere ao órgão genital masculino, mas Manga considerou mais sensato pronunciar apenas a primeira sílaba da palavra. “Olha o que fala: ‘O PIN é perfeito. Para que saibam, tem formato de um tubinho, consegue esticar, vai dentro da barriga das mulheres para colocar sementes lá dentro’. Será que essa turma não tem o que fazer? Para ficar pensando em comprar esse livro de sacanagem para as nossas crianças? Tenha santa paciência. Determinei que recolhessem todos esses livros das nossas unidades. Aqui, em Sorocaba, não! Pode ter certeza disso”, afirmou.

Revoltados com a situação, pais de alunos apoiaram a atitude do chefe do Executivo nos comentários do vídeo postado nas redes sociais. “Este livro foi entregue a minha filha mas, graças a Deus, também tivemos esse entendimento e enviamos ao secretário e prefeito. Ficamos imensamente gratos por tomarem essa atitude e fazer essa varredura. Afinal, são crianças de apenas 5 aninhos, totalmente desnecessário aprender isso nesta idade”, escreveu uma mãe. “Querem roubar a inocência das nossas crianças. Como podem pessoas que se dizem educadores darem um livro desse para uma criança, gente! Por mais que ela não leia, é um absurdo!”, falou outra pessoa.

Uma professora aposentada da rede municipal de ensino também fez questão de comentar sobre o caso. “Sem palavras, prefeito. Eu, como educadora e professora aposentada, com a graça de Deus, não me deparei com esse tipo de livro. Isso é uma vergonha! Como o senhor mesmo falou... Tanta coisa para passar, construir com as crianças... Onde estavam com a cabeça para tal compra? Ridículos, e mais ridículo ainda quem aprova isso”. Por outro lado, também houve comentários criticando a iniciativa de Rodrigo Manga. “Não entendi o porquê desse barulho todo. As crianças precisam aprender sobre educação sexual. É assim que se previne os abusos”, rebateu outro seguidor.

Livros serão transportados por R$ 449.900

Os livros paradidáticos adquiridos pela Prefeitura de Sorocaba, em 2020, serão transportados por R$ 449.900. A compra desses materiais foi feita no governo da ex-prefeita Jaqueline Coutinho (MDB), mas a logística foi viabilizada pela gestão atual de Rodrigo Manga (Republicanos), por meio de pregão eletrônico. A aquisição dos livros, inclusive, foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) presidida pelo vereador Vinícius Aith (PRTB), que apontou que o gasto total é superior a R$ 29 milhões.

A empresa contratada, que fica em Sorocaba, é responsável pela distribuição do material em 117 Centros de Educação Infantil (CEIs), 57 unidades de ensino fundamental I e cinco unidades de ensino fundamental II. O serviço deve ser realizado dentro do período de 30 dias, ou seja, até o início de junho. Os livros que ainda não foram distribuídos somam o total de 762.543 unidades, sendo que 109.127 foram reprovados por uma Comissão de Análise e devem ser encaminhados para a oficina pedagógica, localizada na rua Constantino Spanghero, na Vila Rica.

Alguns dos livros que foram reprovados pela comissão são “Luanda, Filha de Iansã”, de Lia Zatz; “Armazém do Folclore”, de Ricardo Azevedo; e “A Menina Feia”, de Cristina Von. Além disso, também foram reprovados materiais destinados a terceira idade, como o Manual de Consumidor para Idosos, que foram comprados junto aos itens destinados ao público infantil.

Os gastos da Secretaria Municipal de Educação (Sedu) durante o primeiro semestre de 2020, época em que os livros foram adquiridos, foram reprovados, por unanimidade, pelo Conselho Municipal de Educação de Sorocaba (CMESO). Segundo o órgão, a pasta teria praticado várias divergências durante o mandato de Jaqueline Coutinho. Dentre as irregularidades, estão a falta de detalhamento nos pagamentos de profissionais, aquisição excessiva de livros paradidáticos e não apontamento de gastos com equipamentos. (Wilma Antunes)