Oitivas
Livros para idosos foram comprados em material destinado a crianças
Manual do consumidor do idoso estava em compras de 2020, alvos da CPI dos Livros em Sorocaba
Materiais destinados para idosos, como o manual do consumidor do idoso, foram comprados pela Prefeitura de Sorocaba, em 2020, junto a materiais paradidáticos adquiridos para atender crianças da rede municipal de educação. A situação foi apresentada nesta sexta-feira (1) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga suposta compra irregular de livros feitas pela Secretaria da Educação (Sedu), em 2020, durante a gestão da ex-prefeita Jaqueline Coutinho (MDB).
Conforme o presidente da CPI, vereador Vinícius Aith (PRTB), foram comprados ao menos 6 mil exemplares do material, que não chegaram a ser distribuídos. “Qual o sentido de entregar isso para uma criança? Não faz sentido nenhum”, comenta. Não houve justifica para as compras, conforme o parlamentar. O material seria destinado a pessoas com mais de 65 anos. Outro problema, foi a compra de livros destinados para o ensino médio, que não deveriam ser comprados pelo município.
Houve relato durante a oitiva de dificuldade na distribuição dos livros, tendo em vista suas finalidades. O presidente da CPI voltou a frisar ainda que as compras não passaram pela Controladoria nem pela Auditoria-Geral do Município.
Outros secretários
Durante as oitivas, houve relato de participação de secretários municipais alheios ao processo de compra e à Secretaria da Educação (Sedu), interferindo nas compras. O papel desses outros secretários teve participações importantes no processo de compra. “Isso foi um fator que nos chamou muito a atenção, porque não é comum, nos levantou algumas suspeitas”, diz o presidente. Ele também lembrou que esses ex-secretários serão chamados para depor na CPI. Os nomes ainda estão sendo mantidos em sigilo. Esses secretários teriam participado de praticamente todos os processos de compras durante ao menos cinco meses.
Wanderlei Acca
Segundo extraído das oitivas, o secretário Wanderlei Acca, que era titular da pasta à época, morto em novembro de 2021, nunca teria trabalhado a questão da compras do livros. “De maneira alguma, era priorizado o secretário Acca. Ele estava muito empenhado com a reforma das escolas, das câmeras de videomonitoramento. Em nenhum momento, até o final de outubro, era prioridade para ele. Isso nos levanta dúvidas de quem partiu a ideia de comprar tudo isso em livros”, afirma. A situação foi reiterada pelas testemunhas, que afirmaram que ele atuava com muito planejamento.
A rodada de oitivas, que durou o dia inteiro, contou com a participação de sete pessoas, incluindo o auditor-geral do município, que afirmou que houve imprudência e negligência nas compras. Uma pessoa não compareceu, mas sua ausência foi justificada. Uma nova rodada está agendada para a semana que vem, incluindo de pessoas ligadas à empresa que forneceu os livros.
Os contratos foram firmados em 2020, durante a gestão da ex-prefeita Jaqueline Coutinho (MDB). Questionado sobre a situação, ela divulgou nota, na qual afirma que, “como não tomou conhecimento do teor das questões levantadas, não irá comentar sobre o assunto”. (Marcel Scinocca)