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Mulheres grávidas devem cuidar da saúde vascular

15 de Julho de 2020 às 00:01

Mulheres grávidas devem cuidar da saúde vascular Em alguns casos, a gestante pode desenvolver a trombose venosa profunda. Crédito da foto: Divulgação / unicamp.br

As alterações que ocorrem no corpo da mulher durante a gestação refletem na saúde em todos os aspectos, inclusive na circulação sanguínea e, principalmente, no sistema venoso. Inchaço e surgimento ou piora de varizes são os principais problemas apresentados durante os nove meses, principalmente pela elevação de hormônios femininos. Em casos mais graves, a gestante pode desenvolver a trombose venosa profunda (TVP), apesar de a incidência desse problema ser mínima.

De acordo com estimativas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), há uma prevalência média da TVP de 38% na população geral brasileira, sendo encontrada em 30% dos homens e 45% das mulheres, levando em consideração todas as faixas etárias.

Nas mulheres, além das questões genéticas, idade e obesidade, o risco se intensifica de acordo com o aumento de gestações anteriores. “Naturalmente, a gestação promove uma elevação significativa dos níveis hormonais, entre eles progesterona, estrogênio, gonadotrofina coriônica humana (hCG) e o hormônio lactogênio placentário (hPL). Cada um deles tem uma função para a progressão da gestação e sua manutenção. Mas, para o sistema venoso, isso acarreta uma dilatação das veias do organismo, tornando-as mais complacentes e volumosas, que aumentam com o decorrer da gestação e causam inchaço, cansaço, dor, vasinhos e veias aparentes e sensação de queimação nas pernas”, explica o cirurgião vascular Matheus Bertanha, professor da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) e membro da SBACV.

O especialista explica, ainda, que a partir do sexto mês de gestação, com o crescimento do bebê e da extensão abdominal, o retorno venoso da gestante é prejudicado, dessa forma, o útero pode comprimir a veia cava e causar uma intensificação dos sintomas de inchaço e dor. Alguns outros precedentes também podem influenciar negativamente na qualidade de vida da gestante, como por exemplo, histórico de uso de tabaco, obesidade, sedentarismo e até mesmo alguns transtornos psicológicos.

Durante a gravidez é muito importante realizar o acompanhamento com um angiologista ou cirurgião vascular, para esclarecimento de dúvidas e até mesmo para diminuir o sofrimento causado pelo aparecimento de vasinhos ou varizes. Assim, o médico será capaz de identificar um tratamento viável, uma vez que alguns medicamentos e procedimentos cirúrgicos podem ser altamente arriscados, tanto para a mãe quanto para a criança. “É importante que a gestante entenda que os tratamentos mais definitivos para os vasinhos e varizes devem esperar a gestação terminar, para também o organismo voltar ao seu estado hormonal não gravídico”, aconselha.

A prática de atividades físicas pode ser muito benéfica para a saúde da mulher grávida. Os exercícios de intensidade leve e moderada, com baixo impacto, são muito eficientes para o equilíbrio da circulação periférica e devem ser realizados ao menos três vezes na semana, com cautela. “Gestantes devem ficar atentas para sinais de alerta como falta de ar persistente, tonturas, dor no peito, contrações regulares e dolorosas, sangramento ou corrimento vaginal, que devem indicar a suspensão imediata das atividades físicas e uma consulta ao ginecologista”, diz o especialista.

Outras formas de prevenção são o uso regular de meias elásticas, a alimentação saudável, evitar ganhar peso durante a gestação, caminhadas diárias e elevar as pernas algumas vezes por dia. (Ludmilla Souza - Agência Brasil)