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Diplomacia

Vaticano muda o tom com Israel após ataque à igreja

Papa Leão XIV pediu o fim da "barbárie" e "uso cego da força"

21 de Julho de 2025 às 21:30
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Cardeal de Jerusalém fez rara visita à Faixa de Gaza
Cardeal de Jerusalém fez rara visita à Faixa de Gaza (Crédito: OMAR AL-QATTAA / AFP (18/7/2025))

O ataque do Exército israelense contra a única igreja católica de Gaza levou o Vaticano a mudar seu tom em relação a Israel, denunciando diretamente sua responsabilidade, em contraste com a tradicional reserva diplomática da Santa Sé.

Três pessoas morreram em um ataque de um tanque israelense contra a igreja da Sagrada Família na cidade de Gaza na quinta-feira (17) passada, provocando uma forte indignação da comunidade internacional e comoção entre líderes religiosos de diferentes denominações.

No domingo, o papa Leão XIV pediu o fim da “barbárie” da guerra em Gaza e do “uso cego da força”, denunciando o ataque do exército israelense. Além da “consciência do que está acontecendo em Gaza, para os cristãos há também o fato de que isso está acontecendo em uma terra santa”, analisa François Mabille, diretor do Observatório Geopolítico de Religião, observando uma mudança da opinião católica em geral.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que telefonou para o Papa na sexta-feira (18), disse que lamentou esse “disparo indireto”, reconhecendo um “erro”, e anunciou que Israel abrirá uma investigação.

Na sexta-feira, em uma entrevista para a televisão pública italiana Rai 2, o cardeal Pietro Parolin, número dois do Vaticano, sugeriu que este ataque poderia ter sido intencional, e pediu a Israel que leve a público as conclusões da investigação.

O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca de Jerusalém, realizou na sexta-feira uma rara visita a Gaza para acompanhar os feridos e presidiu, no domingo, a missa para a igreja da Sagrada Família, como um sinal da determinação das autoridades cristãs de permanecer no local.

Ofensiva em terra

O exército israelense lançou ontem (21) uma ofensiva terrestre no centro da Faixa de Gaza. Testemunhas relataram disparos de artilharia em Deir al Balah, onde Israel anunciou que ampliaria suas operações militares. O exército israelense indicou que atuaria inclusive em “uma zona onde nunca havia intervindo antes”.

A Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos informou ontem que estava recebendo mensagens desesperadas de fome de sua equipe na Faixa de Gaza. O alerta segue os emitidos regularmente pela agência e por diversas ONGs, que vêm advertindo há meses sobre os riscos de fome no território palestino, onde mais de dois milhões de pessoas enfrentam condições humanitárias críticas. (AFP)