Conflito no Oriente Médio
Europeus e iranianos se reúnem na Suíça
Hostilidades deixaram pelo menos 224 mortos no Irã e 25 em Israel

Os ministros das Relações Exteriores das potências europeias se reuniram ontem (20) em Genebra com seu homólogo iraniano para tentar buscar uma saída diplomática para a guerra entre Israel e a República Islâmica, à qual o governo dos Estados Unidos cogita se juntar.
No oitavo dia de guerra, as sirenes de alerta foram acionadas ontem (20) no sul de Israel após novos disparos de mísseis iranianos. Por sua vez, o Exército israelense anunciou que bombardeou dezenas de alvos em Teerã durante a noite, incluindo um “centro de pesquisa e desenvolvimento do projeto iraniano de armas nucleares”.
Israel, potência atômica não oficial, iniciou em 13 de junho uma campanha de ataques aéreos contra o Irã alegando que Teerã estava prestes a conseguir uma arma nuclear. Os iranianos responderam com lançamentos de mísseis e drones.
As hostilidades deixaram pelo menos 224 mortos no Irã e 25 em Israel, que também matou vários comandantes militares e cientistas iranianos, além de ter provocado vários danos em sua infraestrutura nuclear.
Pouco antes do início das negociações em Genebra, o Irã disparou uma nova série de mísseis contra Israel, ferindo duas pessoas, segundo os serviços de emergência.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quinta-feira, por meio da porta-voz da Casa Branca, que decidirá “nas próximas duas semanas” se envolverá o país na ofensiva israelense.
Somente os Estados Unidos possuem a bomba GBU-57, a única, em tese, com capacidade de atingir o núcleo do programa nuclear iraniano, localizado a grande profundidade em Fordo, ao sul de Teerã.
“Traição” à diplomacia
Em meio à troca de ataques diários entre os dois países, os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França e Reino Unido, assim como a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, conversaram em Genebra com seu homólogo iraniano, Abbas Araghchi. O chanceler iraniano classificou a ofensiva israelense como uma “traição” ao processo diplomático.
“Fomos atacados no meio de um processo diplomático. Deveríamos nos reunir com os americanos em 15 de junho para elaborar um acordo muito promissor”, disse ele pouco antes de entrar na reunião.
O Conselho de Segurança da ONU também se reuniu em uma sessão solicitada pelo Irã com o apoio da Rússia, China e Paquistão.
O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a retomada das negociações fundamentais e anunciou que seu país, a Alemanha e o Reino Unido apresentariam “uma oferta de negociação completa, diplomática e técnica” aos iranianos, que inclua a questão do programa nuclear.
Alemanha, França e Reino Unido assinaram, em 2015, com Estados Unidos, China e Rússia, um acordo com o Irã para garantir a natureza civil de seu programa atômico, em troca da suspensão progressiva de sanções econômicas.
Em seu primeiro mandato, Trump retirou Washington do acordo e Teerã deixou de cumprir o compromisso de limitar o enriquecimento de urânio a 3,67%.
Atualmente, o Irã enriquece urânio a 60%, ainda longe dos 90% necessários para desenvolver uma arma nuclear, e garante que a medida tem apenas fins civis. (AFP)