Conflito
Depois de atacar Israel, Irã alerta EUA e França
Governo israelense diz que o conflito em Gaza se torna "secundário"

Em uma mudança na condução da guerra, as forças armadas de Israel anunciaram ontem (14), que o Irã se tornou sua principal frente de combate. Gaza, até então centro da ofensiva israelense, agora é uma “posição secundária”, segundo as forças armadas israelenses. O novo foco de Israel no Irã aumenta o risco de um conflito regional de grandes proporções, com potencial envolvimento direto de potências ocidentais.
A tensão segue em alta, com ofensivas e contra-ataques sendo registrados em múltiplas frentes desde a madrugada de sexta-feira. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que concluiu uma reunião de segurança com autoridades militares alertando que novos ataques do Irã poderão levar à “destruição total da capital iraniana”.
O governo iraniano acusa Israel de iniciar uma guerra ao realizar ataques que deixaram ao menos 78 pessoas mortas no Irã, na sexta-feira (13). O governo israelense, por sua vez, diz que o conflito vai se estender pelo tempo necessário. Apesar dos apelos internacionais por uma diminuição da tensão, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, advertiu que “mais ataques virão”.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que os ataques de Israel são uma “declaração de guerra”. Diante da ofensiva israelense, o governo iraniano fez um alerta direto aos Estados Unidos, ao Reino Unido e à França, afirmando que, se houver qualquer interferência para impedir os ataques de Teerã contra Israel, bases militares e navios ocidentais na região poderão ser alvo de retaliação.
Bomba atômica
O presidente americano, Donald Trump, disse que os EUA ajudarão a defender Israel, e que o Irã tem “uma segunda chance” de voltar à mesa de negociações para tratar sobre o programa nuclear do país.
Sob a justificativa de que o Irã estava se aproximando de um ponto “sem retorno” rumo à bomba atômica, nas últimas 24 horas as Forças Armadas de Israel lançaram um ataque sem precedentes em solo iraniano, atingindo mais de 200 instalações nucleares e militares e matando a cúpula militar do país, além de nove cientistas envolvidos no programa nuclear iraniano.
Ainda ontem, Israel bombardeou defesas aéreas e lançadores de mísseis do Irã, intensificando suas operações contra o país. A imprensa estatal do Irã afirmou que 78 pessoas morreram, entre elas 20 crianças. No mesmo dia o Irã disparou ao menos 200 mísseis e deixou três pessoas mortas e 82 feridas no território israelense desde sexta-feira, 13.
Foi a primeira vez que as forças israelenses admitiram ter mirado a instalação nuclear de Fordow, um importante centro do programa nuclear iraniano que está em uma base da Guarda Revolucionária do Irã, enterrado quase meio quilômetro abaixo de uma montanha, embora a estrutura não tenha sofrido danos graves.
O local, construído em uma área subterrânea profunda e protegido por baterias antiaéreas, abriga centrífugas utilizadas no enriquecimento de urânio, essenciais para o desenvolvimento de armas nucleares.
A ofensiva, segundo as autoridades de Israel, continuará com foco em instalações nucleares, bases militares, lançadores de mísseis balísticos e alvos humanos considerados estratégicos, como cientistas nucleares e oficiais de alto escalão. Ontem, Tel Aviv anunciou ter matado nove especialistas nucleares iranianos. (Estadão Conteúdo)