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Internacional

Chefe da Guarda Revolucionária do Irã é morto em ataque de Israel

Além de Hossein Salami, a imprensa iraniana noticiou a morte do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas

13 de Junho de 2025 às 09:50
Da Redação [email protected]
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Hossein Salami era conhecido como uma das figuras mais poderosas do setor militar iraniano (Crédito: Vahid Salemi/ AP)

O Irã confirmou que o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, morreu em um ataque de Israel lançado contra o país na madrugada desta sexta-feira (13), pelo horário local - noite de quinta-feira (12), no Brasil. Ele era conhecido como uma das figuras mais poderosas do setor militar iraniano. 

A Guarda Revolucionária do Irã é o braço mais poderoso do Exército do país e foi fundada após a Revolução de Islâmica de 1979, que levou ao poder o atual regime teocrático. Atualmente, tropas da guarda protegem os líderes do governo, são responsáveis por alimentar os braços armados de parceiros regionais do regime, como os houthis no Iêmen e o Hezbollah no Líbano, além de fiscalizar a população iraniana para evitar protestos e levantes.

Além de Salami, a imprensa iraniana noticiou a morte do major-general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e o segundo mais alto oficial militar do país. O general Gholamali Rashid, vice-comandante das Forças Armadas, também foi morto. Ainda segundo a imprensa iraniana, pelo menos seis cientistas nucleares morreram no ataque.

"Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Amirhossein Feqhi, Motalleblizadeh, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi foram os cientistas nucleares martirizados", informou a agência de notícias Tasnim.

O Ataque

Na madrugada desta sexta-feira, Israel bombardeou diversos alvos no Irã, no que chamou de "ataques preventivos" em meio ao acirramento das tensões no Oriente Médio. O governo israelense alertou sua população para o risco iminente de uma retaliação com "mísseis e drones" vindos do território iraniano.

 Segundo o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, o alvo da operação intitulada "Nação de Leões" é o programa nuclear do Irã, em uma "uma operação militar direcionada para reverter a ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel."

"Estamos em um momento decisivo na história de Israel", declarou Netanyahu. Ele afirmou ainda que os ataques continuarão "por quantos dias forem necessários", com o objetivo de conter o que chamou de "ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel".

O ministro da Defesa, Israel Katz, declarou estado de emergência e determinou o fechamento do espaço aéreo israelense, como medida de precaução diante de possíveis retaliações.

Os Estados Unidos negaram envolvimento direto na operação. De acordo com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, Washington foi informado, mas não participou da ação.

O ataque acontece em meio à escalada nas tensões entre Israel e Irã e às alegações de que Teerã estaria em estágio avançado no desenvolvimento de armas nucleares. Um oficial das Forças Armadas israelenses afirmou que o Irã já possui urânio suficiente para produzir bombas nucleares.

Esperado

O governo israelense danificou o sistema de defesa aérea iraniano durante seus ataques ao Irã no ano passado e planejou durante meses aproveitar a fragilidade de Teerã para realizar novos ataques.

Prevendo uma escalada regional, os EUA retiraram diplomatas do Iraque na quarta-feira (11) e autorizaram a saída voluntária de familiares de soldados americanos destacados em outras partes do Oriente Médio. Uma agência do governo britânico também alertou sobre uma escalada que poderia representar maiores riscos para navios no Golfo Pérsico.

 

Durante anos, o Irã financiou milícias regionais que se opõem à existência de Israel e realizou ataques clandestinos contra a infraestrutura e os interesses israelenses. Em contrapartida, Israel, que se acredita ser a única nação do Oriente Médio com armas nucleares, vê o programa nuclear iraniano como uma ameaça existencial e há muito tempo realiza seus próprios ataques secretos contra o programa nuclear, cientistas e outras infraestruturas iranianas.

Antecedentes 

A guerra oculta veio à tona depois do ataque terrorista do Hamas, em Israel, no dia 7 de outubro de 2023. O ataque resultou tanto na guerra em Gaza quanto num confronto regional mais amplo, que coloca Israel contra o Irã e seus representantes, incluindo o Hezbollah, no Líbano, grupos armados no Iraque e os rebeldes Houthi, no Iêmen.

O ataque israelense a um complexo controlado pelo Irã, na Síria, em abril de 2024, levou Teerã a disparar uma enorme barragem de mísseis contra Israel. O Irã lançou um ataque semelhante no outono passado, depois que Israel assassinou Ismail Haniyeh, um líder do Hamas, durante uma visita ao Irã no verão passado, e depois matou Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah. (Estadão Conteúdo, com agências internacionais)