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Trump taxa aço e alumínio em 25%

Brasil é o 2º maior fornecedor dos materiais para os Estados Unidos

10 de Fevereiro de 2025 às 22:10
Cruzeiro do Sul [email protected]
 Preços mundiais do aço caíram consideravelmente no último ano devido ao excesso de produção
Preços mundiais do aço caíram consideravelmente no último ano devido ao excesso de produção (Crédito: ARQUIVO / JCS)

A guerra comercial iniciada por Donald Trump entrou ontem em uma nova fase com o anúncio oficial de tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio importados pelos Estados Unidos.

“Anunciarei tarifas ao aço. Todo o aço que chegar aos Estados Unidos terá 25% de tarifas”, declarou o presidente no avião presidencial na tarde de domingo (9), antes de desembarcar em Nova Orleans para assistir ao Super Bowl.

Trump acrescentou que as mesmas tarifas serão aplicadas para as importações de alumínio.

O Canadá é o maior fornecedor de aço e alumínio para os Estados Unidos, segundo dados oficiais, enquanto Brasil, México e Coreia do Sul também são importantes fornecedores de aço.

O presidente americano também antecipou que vai anunciar na “terça ou quarta-feira” as “tarifas recíprocas” com as quais busca alinhar os impostos alfandegários de produtos que entram nos Estados Unidos.

Europa

Trump impôs tarifas similares durante sua presidência de 2017-2021 para proteger as empresas americanas que, segundo ele, sofrem concorrência desleal dos países asiáticos e europeus.

A Comissão Europeia afirmou ontem que não recebeu “nenhuma notificação oficial” sobre novas tarifas, mas, nas palavras do ministro francês das Relações Exteriores, o bloco “responderá” a qualquer medida do tipo.

China

A partir de hoje, produtos procedentes da China terão tarifas adicionais de 10%, medida contra a qual Pequim decidiu responder com impostos específicos sobre determinados produtos americanos desde ontem.

Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, questionado sobre o anúncio de Trump sobre o alumínio e o aço, respondeu que “não há saída por meio do protecionismo, e não há vencedores em uma guerra comercial ou alfandegária”.

Por que Trump fala de concorrência desleal?

Os preços mundiais do aço caíram consideravelmente no último ano devido ao excesso de produção.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o excedente mundial de aço varia entre 500 e 560 milhões de toneladas. “A maioria vem da China, que inunda os mercados globais”, disse à AFP um fabricante europeu de aço sob condição do anonimato.

“As capacidades de produção nos Estados Unidos e na Europa sempre estiveram historicamente equilibradas e adaptadas à demanda interna, mas no sudeste asiático superam em muito a demanda”, acrescentou.

A economia do aço, cíclica há 50 anos, enfrenta agora um problema “estrutural” de excesso de oferta, observam os especialistas.

A China reduziu drasticamente seu consumo, em parte devido à paralisação de seus imensos projetos de construção.

A US Steel, que passa por um momento difícil, foi objeto de uma tentativa de aquisição por parte da Nippon Steel, bloqueada por Joe Biden e depois por Donald Trump. A empresa alemã ThyssenKrupp anunciou, por sua vez, o corte de milhares de empregos. (AFP)

 

 

Governo brasileiro em compasso de espera

 

O governo brasileiro vai aguardar o governo dos Estados Unidos (EUA) oficializarem a taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio para se manifestar sobre o tema, assim como anunciar medidas em resposta ao aumento dos custos para exportar esses produtos para o país da América do Norte.

A informação é do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que comentou ontem o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump.

“O governo tomou a decisão de só se manifestar, oportunamente, com base em decisões concretas, e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. O governo vai aguardar a decisão oficialmente antes de fazer qualquer manifestação”, disse Haddad a jornalistas.

O Brasil é o segundo principal fornecedor de aço para os EUA, que são o principal destino das exportações do produto brasileiro. Questionado se o governo discute taxar, em retaliação, as big techs as gigantes da tecnologia, como Google, Meta e X, Haddad respondeu que o governo vai “aguardar a orientação do presidente da República depois das medidas efetivamente implementadas”.

Em entrevista a rádios mineiras na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil tem direito de usar a lei da reciprocidade. “Para nós, o que seria importante seria os EUA baixarem a taxação e nós baixarmos a taxação. Mas, se ele e qualquer país aumentar a taxação do Brasil, nós iremos taxá-los também. Isso é simples e muito democrático”, disse Lula.

Durante o seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas sobre o aço e o alumínio, mas concedeu depois cotas de isenção para parceiros, incluindo Canadá, México e Brasil, que são os principais fornecedores desses produtos. (Agência Brasil)