Protestos
Multidão pede recontagem de votos na Venezuela
Pelo menos 11 pessoas teriam morrido na repressão a protestos nas ruas
Com gritos de “liberdade, liberdade!”, milhares de opositores se concentraram ontem (30) em Caracas e outras cidades da Venezuela para reivindicar a vitória do candidato opositor Edmundo González Urrutia, que por sua vez instou os militares e o governo de Nicolás Maduro a não reprimir o povo.
Os simpatizantes de González e da líder de oposição María Corina Machado questionam os resultados das eleições de domingo (28), que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, dá um terceiro mandato ao esquerdista Maduro.
Sob a liderança de María Corina, a oposição afirma ter provas para comprovar sua vitória, enquanto a comunidade internacional pressiona por uma recontagem transparente dos votos. O líder opositor Freddy Superlano foi detido pela polícia venezuelana, denunciou seu partido Vontade Popular (VP).
Ao menos 11 pessoas morreram nos protestos até ontem, informaram quatro organizações de defesa dos direitos humanos.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, divulgou comunicado ontem, no qual critica em termos duros a eleição na Venezuela. Almagro avaliou que em todo o processo eleitoral o regime venezuelano aplicou “seu esquema repressivo, complementado por ações voltadas para distorcer completamente o resultado eleitoral”.
Diplomatas
A decisão do governo de Nicolás Maduro de exigir a saída da Venezuela do pessoal diplomático de Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, e de ordenar a retirada dos funcionários desses países, gerou reações. Os sete países latino-americanos, ao lado do Equador e Paraguai, pediram na segunda-feira (29) a “revisão completa dos resultados” das eleições presidenciais.
Celso Amorim, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, do Brasil, pediu a Maduro, na segunda-feira, que divulgue o quanto antes as atas de votação das eleições. Amorim se reuniu com Maduro no Palácio Miraflores. O líder venezuelano disse a Amorim que só não divulgou as atas porque houve um “ataque hacker” durante a apuração, mas prometeu publicá-las nos próximos dias.
PT
A nota publicada pelo PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na segunda-feira, chamando Maduro de “presidente, agora reeleito” da Venezuela e defendendo que ele “continue o diálogo com a oposição”, repercutiu mal nas redes sociais e provocou reações de opositores do governo federal.
Diante crise pós-eleitoral no país vizinho, o governo brasileiro não reconheceu a vitória de Maduro, que se declarou reeleito, nem se posicionou enfaticamente sobre as suspeitas de fraude no pleito, diferentemente de outros países. (AFP e Estadão Conteúdo)