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Relações internacionais

Argentina defende acordos bilaterais no Mercosul

Posição se soma à do Uruguai e entra em choque com a do Brasil

08 de Julho de 2024 às 22:30
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Chanceler argentina (ao centro) falou em reunião do bloco
Chanceler argentina (ao centro) falou em reunião do bloco (Crédito: DANIEL DUARTE / AFP (8/7/2024))

Em novo choque com a posição defendida pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, a delegação da Argentina defendeu na reunião do Mercosul que o bloco mude suas regras e autorize os membros a firmar acordos comerciais bilaterais com outras nações e grupos. As atuais normas impedem esse tipo de negociação comercial país a país. Os ministros das Relações Exteriores também queixaram-se do estágio de negociações com a União Europeia.

A chanceler da Argentina, Diana Mondino, representante do presidente libertário Javier Milei, defendeu que o bloco tenha “flexibilidade” e aceite, a depender da situação, que um país feche acordos de livre comércio isoladamente. Ela falou em reunião do Conselho Mercado Comum, no domingo (7), antes da chegada dos presidentes, em discurso que pela primeira vez detalhou as intenções do governo Milei no bloco.

Foi a mais longa intervenção de um chanceler. Milei boicotou a cúpula e não viajou a Assunção, no Paraguai. “São iniciativas positivas para que possamos trabalhar melhor, não eliminar nem matar nada”, disse Diana.

Com isso, a Argentina se somou a antigo pleito do Uruguai, que sob o governo de centro-direita de Lacalle Pou também levantou esse pleito, com foco em um tratado de livre comércio com a China. O governo uruguaio argumenta que não haveria prejuízo em sair na frente nas negociações com Pequim.

A resposta do Itamaraty já estava dada. Antes da cúpula, a delegação brasileira disse que somente estaria aberta a uma negociação em conjunto, como bloco — jamais de forma bilateral. A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. A chancelaria brasileira afirma que o Tratado de Assunção é “claro” ao não permitir negociações isoladamente, em que pese a insistência uruguaia, que agora ganha adesão dos argentinos. (Estadão Conteúdo)