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Internacional

Embaixador em Israel é chamado ao Brasil

19 de Fevereiro de 2024 às 23:01
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Frederico Meyer (dir.) foi humilhado por Israel Katz com dura reprimenda num memorial do Holocausto
Frederico Meyer (dir.) foi humilhado por Israel Katz com dura reprimenda num memorial do Holocausto (Crédito: AHMAD GHARABLI / AFP)

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu convocar ao País para consultas o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer. Ele chega ao Brasil amanhã (21) e passará cerca de dez dias.

A medida é uma resposta ao fato de Israel ter convocado o diplomata para uma reprimenda ao Brasil depois de Lula comparar as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto.

A reação foi calculada pelo governo como forma de expressar insatisfação sobre a maneira com que autoridades israelenses responderam a Lula. A convocação representa mais um gesto duro diplomático na crise, embora seja temporária. O presidente quer se reunir pessoalmente com o embaixador, mas não vai removê-lo do posto, ao menos por enquanto.

A convocação de Meyer foi decidida após uma série de conversas de Lula e alguns ministros e conselheiros mais próximos. Ele se reuniu para avaliar a crise diplomática no Palácio da Alvorada, entre outros, com o ministro Paulo Pimenta (Comunicação Social) e com o assessor especial e ex-chanceler Celso Amorim.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, conversou com o presidente e integrantes do governo por telefone, porque está no Rio de Janeiro, para uma reunião de chanceleres do G20. Coube ao ministro telefonar para o embaixador e dar o recado de que o presidente decidira chamá-lo de volta a Brasília.

Armadilha

O embaixador foi colocado no que integrantes do governo consideraram uma espécie de “armadilha”. Ele não fala nem compreende hebraico, e ficou exposto diante das câmeras, sem poder esboçar reação, enquanto ao seu lado o chanceler israelense, Israel Katz, declarava à imprensa que Lula passava a ser considerado persona non grata no país.

O Itamaraty já estava incomodado com o método da reprimenda escolhido pela chancelaria israelense. Em vez de uma reunião mais reservada na sede do Ministério das Relações Exteriores, como costuma ser o padrão diplomático, o governo de Netanyahu marcou um encontro no Yad Vashem, um memorial do Holocausto. Diplomatas da Secretaria de Estado consideraram que foi montado um “circo” e que o representante do presidente foi “humilhado” com a situação.

No memorial, o embaixador brasileiro ouviu as queixas dos israelenses, voltou a manifestar as preocupações do governo brasileiro, mas não fez comentários a respeito das falas do presidente. Não repassou nenhum recado de mea culpa por parte de Lula, o que já indicava a indisposição do petista de pedir desculpas.

Em privado, diplomatas reconhecem que o presidente exagerou e errou ao fazer a comparação com o Holocausto. No entanto, diplomatas no Itamaraty e assessores palacianos indicavam, ao longo do dia, que Lula relutava em estender um pedido de desculpas, como exigiu em público o governo de Israel.

O entendimento no governo é que Israel estava “instrumentalizando” o caso e havia “escalado” a crise propositalmente, no momento em que carece de apoio internacional e que Netanyahu sofre pressão interna e externa, além de críticas até de governos aliados no Ocidente. (Estadão Conteúdo)