Internacional
Incêndios florestais sem trégua já fizeram 122 mortos no Chile
“O Chile inteiro chora por Valparaíso”, declarou o presidente Gabriel Boric ao decretar, ontem (5), dois dias de luto, pelos 122 mortos e milhares de desabrigados deixados pelos incêndios florestais no país, que já estão entre os três mais fatais do mundo no século 21.
Entre ruas cobertas de escombros, carros carbonizados e cinzas, os moradores de Quilpué e Villa Independencia sofrem com a falta de serviços básicos. Essas comunas nas colinas da região de Valparaíso, a cerca de 120 km de Santiago, estão sem luz, com pouca água e muito calor.
A mobilização nas estradas das áreas afetadas piora à medida que chegam voluntários, pessoas que querem ajudar suas famílias e animais de estimação, fornecer alimentos, água, barracas, além do trabalho de bombeiros e equipes oficiais em busca de vítimas em áreas queimadas.
Em pleno verão, esta área de praias visitadas por turistas tem grande parte de seus hotéis sem funcionários devido aos impactos da catástrofe.
O último balanço registra 122 mortos em Valparaíso, dos quais só 32 corpos foram identificados, indicou o Serviço Médico Legal (SML) em comunicado ontem.
Quase 15 mil casas foram danificadas, informou o subsecretário do Ministério do Interior, Manuel Monsalve, no domingo à noite, acrescentando que a maior parte dos danos está concentrada em Viña del Mar.
Esses incêndios, que começaram na quarta-feira, mesmo dia em que uma onda de calor atingiu temperaturas acima de 40 ºC, se espalharam em questão de horas na sexta-feira (2) à tarde e estão entre os três mais mortíferos do século 21, após os da Austrália em 2009 (179 mortos) e os do Havaí em agosto de 2023 (mais de 100).
As condições meteorológicas nas últimas horas melhoraram com um fenômeno típico da costa do Pacífico, que produz muita nebulosidade, elevada umidade e diminui o calor, “o que ajuda a arrefecer o incêndio”, embora “vá haver temperaturas elevadas até terça-feira (hoje)”, disse a ministra do Interior, Carolina Tohá.
No entanto, as equipes trabalham na extinção de 40 focos, com alguns que levaram a evacuações preventivas no domingo em Til Til, a 60 km de Santiago, e em Galvarino, a 400 km, perto de uma extensa região que em fevereiro do ano passado também viveu incêndios de grande magnitude.
Tanto Boric quanto o Ministério do Interior já declararam suspeitar que os incêndios foram provocados. (AFP)