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Internacional

Violência do tráfico faz 16 mortos e 178 reféns no Equador

11 de Janeiro de 2024 às 23:01
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A prisão de Turi, onde 75 funcionários são mantidos reféns
A prisão de Turi, onde 75 funcionários são mantidos reféns (Crédito: STRINGER / AFP)

 

O narcotráfico semeia o terror no Equador e impõe seu poder violento de dentro dos presídios. Em quatro dias de desafio ao Estado, 178 agentes carcerários foram feitos reféns dentro das prisões e foi lançada uma ofensiva com tiros e explosivos que já deixou 16 mortos.

O governo explica os ataques recentes como uma represália das organizações criminosas, com cerca de 20 mil membros, em repúdio às suas políticas de firmeza para corrigir o rumo de um país que até pouco tempo atrás era tranquilo. Nos últimos cinco anos, no entanto, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes passou de seis para 46 em 2023.

Mas o presidente Daniel Noboa, de 36 anos, empossado em novembro, alertou que não vai dar o braço a torcer: “Ceder diante do mal, jamais! Lutar incansavelmente, sempre!”, disse em discurso.

Na terça-feira (9), a ofensiva do narcotráfico mostrou sua pior face com um ataque a uma emissora de TV registrado ao vivo, que deu a volta ao mundo.

Homens encapuzados e armados com fuzis e granadas ocuparam o canal público TC Televisión durante o telejornal do meio-dia, submeteram os jornalistas e feriram dois trabalhadores. Não houve mortos e 13 responsáveis pela invasão foram detidos, mas a transmissão foi interrompida.

A emissora retomou a transmissão de seu noticiário principal ontem, expressando gratidão às forças de segurança que libertaram os jornalistas e os demais trabalhadores.

“Quiseram provocar temor, mas despertaram nossa ira. Acreditaram que submeteriam todo um país e esqueceram que as forças armadas são treinadas para a guerra”, declarou o ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, em mensagem publicada nas redes sociais.

Mais de 22.400 militares foram mobilizados, há patrulhas por terra, ar e mar, batidas nas ruas, operações nas prisões e toques de recolher.

A crise atual começou no domingo (7), quando um dos chefes do crime organizado mais temidos do país desapareceu da prisão onde cumpria pena em Guayaquil. À fuga de Adolfo Macías, o “Fito”, líder da principal quadrilha do Equador, conhecida como Los Choneros, seguiu-se uma investida violenta: motins nos presídios, 178 agentes carcerários feitos reféns pelos detentos, sete policiais sequestrados (seis dos quais foram liberados), ataques com explosivos e veículos incendiados.

Na noite de quarta-feira (10), o número de mortos aumentou para 16, após um incêndio provocado em uma discoteca na Amazônia equatoriana, que deixou dois mortos, nove feridos e danos em 11 locais. A polícia qualificou o ataque de “terrorista”.

Embora as atividades tenham sido retomadas timidamente nas principais cidades do país, muitos estabelecimentos comerciais permaneciam fechados ontem. (AFP)