Internacional
Estados Unidos anunciam exercícios militares na Guiana
Operação acontece em meio à alta tensão do País com a Venezuela
Os Estados Unidos anunciaram ontem (7) uma série de exercícios aéreos militares na Guiana, em meio a crescentes tensões entre Georgetown e Caracas por uma disputa territorial. O Conselho de Segurança da ONU anunciou que debaterá o assunto de forma “urgente” numa reunião agendada para hoje (8).
“Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra, nós não precisamos de conflito”, disse ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Brasil também reforçou sua presença militar na fronteira entre Guiana e Venezuela.
Há quatro dias, o governo venezuelano organizou um referendo para obter apoio à sua reivindicação sobre Essequibo, uma região rica em petróleo equivalente a 2/3 do território da Guiana e administrado por este país que ambos os vizinhos disputam há mais de um século.
Após a aprovação do referendo por 95% dos eleitores, segundo dados oficiais, o presidente venezuelano Nicolás Maduro propôs uma lei para criar uma província venezuelana na área disputada. Ele também ordenou que a petrolífera estatal concedesse licenças para extrair petróleo bruto em Essequibo.
A embaixada dos Estados Unidos na Guiana informou, ontem, que “em colaboração com as Forças de Defesa da Guiana, o Comando Sul dos Estados Unidos conduzirá operações de voo dentro da Guiana em 7 de dezembro”.
O texto acrescenta que “esse exercício se baseia em compromissos e operações de rotina para melhorar a associação de segurança entre os Estados Unidos e a Guiana e fortalecer a cooperação regional‘, afirmou o comunicado.
Na quarta-feira, o governo da Venezuela acusou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de dar “sinal verde” às bases militares dos Estados Unidos em Essequibo.
“De maneira irresponsável, deu sinal verde à presença do Comando Sul dos Estados Unidos no território da Guiana Essequiba, sobre o qual a Guiana mantém uma ocupação de fato”, afirma um comunicado divulgado pela Chancelaria.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, conversou com Ali na quarta-feira “para reafirmar o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania da Guiana”, informou o Departamento de Estado em um comunicado.
Blinken fez um apelo a “uma solução pacífica para a controvérsia” e a respeito de todas as partes “pela sentença arbitral de 1899, que determina a fronteira terrestre entre a Venezuela e a Guiana, ou (...) chegar a um novo acordo, ou a um órgão jurídico competente decidir de outra forma”.
A disputa pelo Essequibo ganhou força depois que a petroleira americana ExxonMobil descobriu jazidas de petróleo importantes em 2015. (AFP)