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Internacional

Venezuela e Guiana abrem conversa em meio a tensões

06 de Dezembro de 2023 às 23:01
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Maduro já incorporou a área ao
Maduro já incorporou a área ao "novo mapa" venezuelano (Crédito: ZURIMAR CAMPOS / PRESIDÊNCIA VENEZUELANA / AFP)

 

Os ministros das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, e da Guiana, Hugh Todd, concordaram ontem (6) em manter “canais de comunicação” em meio a uma escalada de tensões pelo Essequibo, um território rico em petróleo objeto de uma disputa centenária entre os vizinhos, anunciou o governo venezuelano em um comunicado.

Este contato ocorre após um referendo consultivo realizado no domingo (3) na Venezuela, no qual mais de 95% dos eleitores que participaram aprovaram a criação de uma província venezuelana no Essequibo e a concessão da cidadania aos 125.000 habitantes da região, administrada por Georgetown.

“A parte venezuelana aproveitou para informar o governo da Guiana sobre a participação esmagadora que teve a consulta popular, gerando um mandato inapelável” e “expressou a necessidade de interromper as ações que agravam a controvérsia”, acrescentou.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na terça-feira (5) que a empresa estatal de petróleo venezuelana PDVSA concederá licenças para exploração de petróleo, gás e minerais nesta região de 160.000 km² e criou uma nova zona militar a cerca de 100 km da fronteira.

Seu contraparte da Guiana, Irfaan Ali, classificou esses anúncios como “uma ameaça direta” e advertiu que levará a situação ao Conselho de Segurança da ONU e que suas Forças Armadas estão em alerta.

A Venezuela afirma que o Essequibo faz parte de seu território, conforme eram as fronteiras em 1777, quando era colônia da Espanha, e recorre ao acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabeleceu as bases para uma solução negociada e anulou uma decisão de 1899, que definiu os limites atuais.

A Guiana defende essa decisão e pede que seja ratificada pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição Caracas não reconhece.

Os contatos entre os ministros Gil e Todd, anunciados pela Venezuela, contrastam com um duro comunicado lançado cinco horas antes por Caracas, acusando Ali de dar “luz verde” para a implementação de bases militares dos Estados Unidos no Essequibo.

Ontem à noite, a notícia de que um helicóptero do Exército da Guiana desapareceu perto de fronteira com a Venezuela, deixou o clima ainda mais tenso entre os países.

Reforço nas fronteiras

O Brasil decidiu reforçar sua presença militar nas fronteiras com a Venezuela e a Guiana, informou o Exército em comunicado. “O Exército Brasileiro vem mantendo (...) constante monitoramento e prontidão de seus efetivos para garantir a inviolabilidade de nossas fronteiras”.

“Nesse contexto, foi antecipado um reforço de tropas e meios de emprego militar nas cidades de Pacaraima e Boa Vista, além disso a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, em Roraima, com seu efetivo de quase dois mil militares intensificou sua ação de presença naquela faixa de fronteira visando atender, em melhores condições, à missão de vigilância e proteção do território nacional”. (AFP)