Internacional
Macron diz que é contra acordo Mercosul-UE
Lula rebateu o presidente francês: "Não é a mesma posição da União Europeia"
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que é contra o acordo entre o Mercosul e a União Europeia e que o tratado é incoerente com a política ambiental brasileira. Macron criticou o acordo, que classificou como “antiquado”, e que ele não é “bom para ninguém”.
Lula tem tentado destravar o acordo entre os blocos, sem sucesso. O presidente pretende viabilizar um consenso sobre o tema antes da reunião do Mercosul, no Rio de Janeiro, na semana que vem.
Macron elogiou Lula, a quem classificou como “visionário e corajoso”, e disse que há muito alinhamento entre as visões do Brasil e da França, sobretudo em relação ao combate ao desmatamento, políticas para Amazônia, na área de Defesa, Economia e Cultura.
“E é justamente por isso, por isso mesmo, que sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é um acordo completamente contraditório com o que ele está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar, e está mal remendado”, disse.
Em seguida, Macron citou outros acordos celebrados, como com o Canadá, a Nova Zelândia e o Chile. “Não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele. É um acordo comercial antiquado que desmantela tarifas. Nos últimos anos, esses acordos foram bastante aprimorados”, criticou.
Macron visitará o Brasil no dia 27 de março de 2024. A confirmação foi feita por ele ontem (2), durante encontro bilateral com o presidente Lula, que rebateu as declarações durante entrevista coletiva na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), em Dubai. “É um direito dele (Macron). Cada país tem um direito de ter uma posição. Eu acho que é um direito dele ser contra. O Macron sempre foi, a França sempre foi o país mais duro para fazer acordo porque a França é o mais protecionista. Não é a mesma posição da União Europeia, que pensa outra coisa”, disse o presidente.
Mais cedo, durante discurso de Lula em reunião do G77+ China, grupo que reúne países desenvolvidos, o presidente criticou barreiras protecionistas, o que classificou como hipocrisia.
“Barreiras protecionistas e medidas unilaterais impostas por países ricos sob o pretexto da sustentabilidade desnudam a hipocrisia da retórica do livre comércio. Os custos das transições do mundo desenvolvido estão sendo transferidos para o Sul Global. Nós, que já somos os mais afetados pela mudança do clima, estamos sendo duplamente punidos”, disse o presidente brasileiro.
Lula também afirmou, na COP28, que são os países ricos que devem pagar a conta pela preservação das florestas. O presidente participou, ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de evento chamado Protegendo a Natureza para o Clima, Vidas e Subsistência, que reuniu especialistas, representantes de povos de florestas e chefes de Estado de países com florestas, como o presidente da França, devido a posse sobre o território da Guiana Francesa, na América do Sul. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)