Guerra
Dois jornalistas e dois civis morrem em bombardeios israelenses no Líbano
O Exército israelense disse estar "a par" das informações sobre a morte de jornalistas após disparos israelenses
Quatro civis, incluindo dois jornalistas, morreram em ataques israelenses no sul do Líbano, nesta terça-feira (21), informaram a agência oficial libanesa de notícias Ani e o canal Al Mayadeen, para o qual trabalhavam os repórteres.
Os dois jornalistas dessa emissora libanesa pró-Irã e um civil que os acompanhava morreram "em um bombardeio inimigo" no setor fronteiriço de Tair Harfa, segundo a Agência Nacional de Informação (Ani).
Além dessas vítimas, uma mulher de 80 anos faleceu, e sua neta ficou ferida, em um ataque israelense na localidade de Kfar Kila, acrescentou a mesma fonte.
A neta de sete anos foi hospitalizada na cidade de Marjayun e está em estado grave, informou uma fonte médica à AFP.
A emissora Al Mayadeen informou as mortes do repórter Farah Omar, de 25 anos, e do repórter cinematográfico Rabih Maamari, de 40 anos, "em um ataque israelense", o que foi confirmado pelo Exército libanês.
A equipe da Al Mayadeen foi "deliberadamente atacada, não foi ao acaso", afirmou o presidente do canal, Ghassan Ben Jeddo, em uma declaração televisionada.
O diretor ainda disse que o civil morto ao lado dos jornalistas era um "colaborador" da emissora, sem dar mais informações.
O Exército israelense disse estar "a par" das informações sobre a morte de jornalistas após disparos israelenses. "Trata-se de uma área de hostilidades, onde há troca de disparos", acrescentou.
Ben Jeddo recordou que, recentemente, o governo israelense bloqueou os sites da Al Mayadeen, convertida, segundo Israel, em um "porta-voz do Hezbollah".
Em um comunicado, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, condenou o ataque, e acusou Israel de querer "calar os meios de comunicação que denunciam seus crimes e suas agressões".
"Essa agressão demonstra, mais uma vez, que os crimes de Israel não conhecem limite algum", completou, acusando Israel de querer "silenciar os meios de comunicação que denunciam seus crimes e agressões".
Em 13 de outubro, o jornalista da agência Reuters Issam Abdallah morreu em um bombardeio similar, no qual outros seis profissionais da imprensa - dois da AFP, dois da Reuters e outros dois do canal Al Jazeera - ficaram feridos.
Um mês depois, um cinegrafista da Al Jazeera também foi ferido por tiros israelenses, quando participava da cobertura dos bombardeios com outros correspondentes no sul do Líbano.
O movimento Hezbollah anunciou nesta terça três ataques contra Israel, "em resposta aos ataques do inimigo sionista contra os jornalistas da Al Mayadeen (...) e outros mártires civis".
A guerra entre Israel e Hamas começou após um ataque perpetrado em 7 de outubro pelo Hamas em solo israelense no qual 1.200 pessoas, em sua maioria civis, morreram, segundo as autoridades.
Como resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e bombardeia incessantemente a Faixa de Gaza, onde mais de 14.000 pessoas morreram, entre eles mais de 5.800 crianças, segundo o governo do Hamas.
Desde o início da guerra, os confrontos entre o Exército israelense e o Hezbollah são quase diários.
Cinquenta e três jornalistas e funcionários de meios de comunicação morreram desde o início da guerra entre Israel e Hamas, segundo a última contagem do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), publicado nesta terça. (AFP)