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Internacional

Eleição na Argentina: tudo que você precisa saber para entender a corrida à Casa Rosada

Disputam o cargo Sergio Massa, Patricia Bullrich e Javier Milei

20 de Outubro de 2023 às 15:39
Estadão Conteúdo [email protected]
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Da esquerda para a direita, Sergio Massa, Patricia Bullrich e Javier Milei (Crédito: REUTERS/Tomás Cuesta/Agustín Marcarián)

A Argentina elege neste domingo (22), o novo presidente, que assumirá um país em crise, onde a inflação galopante chega a quase 140% no ano, o dólar segue em disparada e a pobreza atinge 40% da população. Diante da crise e da frustração dos argentinos, o libertário Javier Milei despontou como o favorito para assumir a Casa Rosada.

Milei ascendeu na política argentina nos últimos anos com um discurso contra o sistema e propostas radicais como dolarizar a economia e "dinamitar o Banco Central". Com isso, ele chamou a atenção de eleitores frustrados com os partidos tradicionais e foi crescendo como uma terceira força política. Até que nas PASO, as primárias argentinas, surpreendeu e saiu em primeiro lugar, com 30% dos votos, bem acima do que projetavam todas as pesquisas.

O favoritismo do novo outsider na política, no entanto, esbarra em ideias mais indigestas para o eleitorado. O libertário já chegou a defender a venda de órgãos, negou o número de vítimas da ditadura argentina e se viu obrigado a recuar na ideia da liberação das armas, depois de muita polêmica.

Ainda nas primárias, consideradas um termômetro, a coalizão Juntos pela Mudança, de oposição, ficou em segundo lugar com 28% dos votos e confirmou o nome da ex-ministra Patricia Bullrich como representante da direita tradicional da disputa. Já os peronistas, que hoje governam o país, terminaram logo atrás com 27% dos votos para a coalizão Juntos pela Mudança, encabeçada pelo atual ministro da economia, Sergio Massa.

O representante do peronismo tem a difícil missão de ser o candidato de continuidade do governo mais impopular em duas décadas. As crises internas do peronismo e a inflação descontrolada abalaram o governo de Alberto Fernández, que sequer tentou a reeleição, e praticamente desapareceu do cenário político durante a campanha.

Ele assumiu um "superministério" da Economia no ano passado, para socorrer o governo no meio de uma crise interna e alega que as medidas adotadas até aqui são parte de uma transição. Em linhas gerais, ele defender que a Argentina precisa de uma política de incentivo a exportações combinada com a redução dos gastos para enfim sair do endividamento e superar a crise.

A ideia agrada os mais moderados, que temem o radicalismo de Javier Milei e, depois de sair atrás nas primárias, as pesquisas agora indicam que Sergio Massa deve chegar ao segundo turno.

Patricia Bullrich, a ex-ministra de Mauricio Macri, apostou no discurso "linha dura" na segurança - preocupação cada vez maior entre os eleitores argentinos - mas foi cobrada por mais clareza na pauta econômica. Apesar do bom desempenho no último debate, ela acabou sendo isolada pela polarização entre o peronista e o libertário na reta final da campanha.

Em um eventual segundo turno, as pesquisas parecem consolidar a vantagem do libertário, mas o cenário ainda é muito incerto. O número de indecisos, brancos e nulos para novembro ainda é muito alto e a participação tende a ser decisiva nas eleições argentinas. Se confirmar o seu favoritismo, Milei será o primeiro presidente libertário da Argentina. Uma guinada no país que foi governado por peronistas por 16 dos últimos 20 anos. (Estadão Conteúdo)