Internacional
Israel ordena evacuação do norte da Faixa de Gaza
Um milhão de habitantes deveriam deixar região até a noite de ontem
O Exército israelense ordenou ontem (13) a saída imediata de mais de um milhão de habitantes do norte da Faixa de Gaza para o sul, em meio ao seu intenso bombardeio em represália pelos ataques do Hamas. Em seguida, a ONU pediu o cancelamento da medida e advertiu sobre as consequências “devastadoras” da mesma.
Em um comunicado, o Exército israelense convocou a “retirada de todos os civis da Cidade de Gaza de suas casas, para o sul, para sua própria segurança e proteção, e se transferir para a área ao sul de Wadi Gaza”.
Desde o início das hostilidades, em 7 de outubro, na esteira de um sangrento ataque do movimento islâmico palestino Hamas, cerca de 1.200 pessoas morreram em Israel, a maioria civis. Entre os mortos, há pelo menos 258 soldados israelenses, segundo o Exército.
Na Faixa de Gaza, os maciços bombardeios israelenses, lançados em resposta, deixaram 1.537 mortos, incluindo muitos civis, segundo as autoridades locais.
O grupo islâmico também mantém cerca de 150 reféns na Faixa, dos quais 13, “incluindo estrangeiros”, morreram em bombardeios israelenses, disse o braço armado do Hamas ontem.
O Exército israelense exigiu “a retirada de todos os civis” da Cidade de Gaza, no norte do enclave, em direção ao sul, “para sua própria segurança e proteção”. Durante a manhã, distribuiu folhetos em árabe, advertindo aos habitantes que abandonassem “imediatamente” suas casas.
Os militares deram um prazo de 24 horas (prazo que terminaria por volta das 20h de ontem, no horário de Brasília), embora tenham admitido logo depois que tal evacuação “levaria tempo”.
O Hamas rechaçou “a ameaça dos líderes da ocupação (israelense)” e seus pedidos para que deixassem suas casas e fugissem para o sul ou Egito. Mesmo assim, à noite, milhares de palestinos fugiam para o sul, temendo sofrer ataques no percurso.
A ordem de retirada de 1,1 milhão de habitantes (quase a metade da população deste paupérrimo enclave de 362km²), provocou comoção internacional e a ONU pediu a anulação da medida que pode ter “consequências devastadoras”.
O Conselho de Segurança da ONU, presidido pelo Brasil, se reuniu ontem para tratar do tema. O encontro terminou sem uma resolução.
Incursões
Ainda ontem, o Exército israelense fez as primeiras incursões pontuais dentro da Faixa de Gaza na tentativa de encontrar reféns e atacar terroristas do Hamas na região.
Não foi especificada a quantidade de tropas envolvidas. Terroristas do Hamas dispararam mísseis anti-tanque em direção ao território israelense em resposta e foram atacados pela aviação de Israel.
A concentração de 35 batalhões na fronteira de Gaza alimentou durante dias especulações de que Israel estaria se preparando para invadir o território controlado pelo Hamas. (AFP e Estadão Conteúdo)